Quando chegou ao Rio, com 18 anos, a mineira Adelaide de Castro tinha  apenas a mochila nas costas e um saxofone, que pegou emprestado da  banda na qual tocava, em Três Corações.
 
Dois anos depois, a jovem que veio tentar uma vaga na peça  “Clandestinos”, de João Falcão, estreia na TV no seriado homônimo. E,  além de sax, agora toca piano e violão.
 
- Muita coisa mudou na minha vida. Para começar, agora eu tenho meu  próprio sax, que ganhei de presente do pessoal da peça – diz Adelaide,  que não tem ideia do que vai acontecer depois da sua participação na  série.
 
 
A paixão pela música, no entanto, foi uma certeza que veio cedo.  Segunda filha de um total de 10 irmãos, Adelaide começou a estudar  teoria musical e a ter aulas de sax aos 16. Ela fazia parte de um  projeto social que oferecia oficinas de teatro em sua cidade e, assim  que surgiram as aulas de música, ela se candidatou a uma vaga.
 
- Eu via as mulheres tocando saxofone na TV e achava lindo – revela  Adriana, que logo passou a integrar uma banda de instrumentos de sopro  na cidade e tocou muita marcha fúnebre em enterros.
 
O piano, que ela “arranhava” em Três Corações, foi aprimorado com a chegada ao Rio.
 
- O João pediu uma música para a peça e, como sei ler partituras, fui  aprendendo a tocar sozinha – diz a atriz, autodidata também no violão.
 
Hoje, no repertório de Adelaide tem muita MPB e, de vez em quando,  ela arrisca um jazz no sax. Tanta musicalidade, a atriz acredita que  tenha herdado do pai, o músico e radialista Marcos Rezende.
 
- Quando era pequena ele colocava som em festas e eu e meu irmão  fazíamos animação, vestidos de palhacinhos. A música sempre esteve  presente – lembra Adriana que, se não bastasse, agora aprende balé  clássico.
 
- A decisão de vir para o Rio foi tomada só levando em conta o  coração. Hoje, olhando para trás, eu penso: que loucura! Mas quando a  gente acredita em alguma coisa e tem um foco, as dificuldades ficam  pequenas – ensina.
 
 
Por Patrícia Kogut para seu blog no Globo.com.