Nessa  semana saiu à notícia do rombo em uma das empresas do Grupo Silvio  Santos. Não a mais conhecida, mas a maior no teor de importância.  Entretanto o que mais deixou a população, de modo geral, espantada foi o  fato de que o SBT poderia estar envolvido e, inclusive, ter que ser  vendido para cobrir o valor de dívida. Mas que dívida?
Vamos  entender tudo. Na terça-feira, o banco PanAmericano informou, por meio  de nota oficial, que o Grupo Silvio Santos injetará uma quantia  equivalente a 2,5 bilhões de reais na instituição, a fim de  “restabelecer o equilíbrio patrimonial” e “liquidez do banco”.   Ainda  segundo a nota divulgada pelo banco, a operação fora iniciada após terem  sido encontradas “inconsistências contábeis” nos balanços, que não  estariam refletindo no verdadeiro panorama.
Mas o  dinheiro para restabelecimento do equilíbrio, “de modo a preservar o  atual nível de capitalização” viria da onde? De um empréstimo feio por  Silvio Santos ao Banco Central do Brasil. Em qualquer operação como  esta, é necessário deixar algum bem que servirá de garantia ao órgão que  está emprestando o capital, e é justamente aí que o SBT entra em cena. A  emissora de Silvio Santos, junto ao Baú da Felicidade, Jequiti  Cosméticos, Tele Sena e mais 40 empresas que, juntas, valem mais do que  R$2,7 bilhões, teriam sido “dadas” como garantia do empréstimo, que será  pago em dez anos, num valor de R$ 29 milhões mensais podendo haver  alterações cambiais.Embora  o Banco PanAmericano não tenha sido colocado a venda, segundo a edição  desta quinta-feira do jornal O Estado de São Paulo, esta é a solução  mais rápida para arrecadar o dinheiro e quitar o rombo. A Caixa  Econômica detém 49% das ações do banco do Grupo SS. Ontem, 10, Miriam  Leitão proferiu as seguintes palavras: “[...] se estava assim com essas  fraudes contábeis como foi que a Caixa Econômica não viu quando em julho  comprou 49% desse banco? Antes de uma operação assim é feita uma  varredura nas contas, a chamada due diligence, e mesmo assim a Caixa  nada viu? Por que o BC permite que a Caixa, com toda a sua história  centenária e suas responsabilidades, saia comprando participação em  banco privado? Para correr risco com dinheiro público? O BC já sabe do  problema há semanas, porque segurou a informação?”.
São  imensas as dúvidas que se sustentam sobre o caso, principalmente por não  termos as declarações e versões de todas as partes envolvidas. Ontem o  Banco Central afirmou que não pode interferir em um assunto de uma  empresa privada e dizer “não façam esse negócio”. Mas a verdade é que a  Caixa já perdeu 30% de seu valor, ainda segundo Miriam Leitão. Porem é  importante salientar que não há crise no sistema bancário brasileiro,  até por que se trata de um fato meio que isolado.
Ninguém duvida da palav
ra  do dono do baú. Isso seria um crime contra a cultura brasileira, que  foi, em partes, construída por esse homem chamado Silvio Santos. Alguns  até estão correlacionando o fato do risco do SBT ser leiloado ao  episódio em que Silvio Santos, junto com a família Machado, foi obrigado  a vender a Rede Record, que na época, final da década de 80, estava  afogada em dívidas. É errado fazer essa ligação, mas não é correto dizer  também que não há riscos a serem corridos pelo Sistema Brasileiro de  Televisão (SBT), de perder seu dono legítimo para um outro, já se fala  até em Eike Batista, nada que passe de alguns boatos. O  fato mesmo é que o SBT não anda lá muito bem das pernas. A empresa, que  segundo o próprio Silvio Santos rende 40 milhões de reais por ano, deve  fechar 2010 com saldo negativo de R$ 44 milhões, de acordo com a Veja.
O SBT  precisa sair da UTI, apesar de não estar “por hora com placa de venda”,  seria uma página triste da nossa história ver o animador de tantas  décadas e auditórios, chorando por uma perda tão significativa.
Por: Breno Cunha