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É um novelão extremamente tradicional, que fala sobre caráter e aparências com muita paixão e realismo”, diz Aguinaldo Silva
Foto: Paulo Figueiredo/Carta Z Notícias/TV Press terra
 
Geraldo BessaFluente e cheio  de opinião, Aguinaldo Silva enfrenta qualquer assunto com tranquilidade,  sem perder a fina ironia e o bom humor. “Não abro mão de expressar  minhas ideias. Não sou de meias palavras. Mas quem fala o que quer…”,  dispara. A pouco menos de um mês da estreia de Fina Estampa, sua 14ª novela na Globo, o autor conversou com jornalistas e amigos no evento Cenas de Um Autor,  realizado pelo Instituto Montenegro & Raman, no Rio de Janeiro.  Além de falar sobre o novo trabalho, Aguinaldo contou detalhes de  bastidores de suas tramas. E os truques para a hora de criar a sinopse  de uma novela. “Tenho muita disciplina. Com novela no ar ou não, escrevo  todos os dias. E, é claro, presto muita atenção no movimento ao meu  redor. Resquícios da época em que trabalhava em redações de jornal”,  destaca. A observação e o contato com o público são as grandes fontes de  inspiração do autor, jornalista por formação e escritor de folhetins por  acaso. “Vários personagens das minhas novelas foram criados depois de  conversar com as pessoas na rua. Inclusive, uma protagonista, a Maria de  Duas Caras“, relembra Aguinaldo, referindo-se à caixa de supermercado interpretada por Marjorie Estiano na novela de 2007. Em Fina Estampa,  o povo continua a fazer parte das referências do autor na figura de  Griselda, de Lilia Cabral. Na trama, com previsão de estreia para o dia  22 de agosto, Griselda é uma obstinada viúva, mãe de três filhos, que  trabalha como “faz-tudo” em várias residências. “A personagem troca  telhas, pinta paredes, faz serviços e manutenções gerais. O que a torna  masculinizada”, adianta. Inclusive, o primeiro título cogitado para a  novela foi Marido de Aluguel, nome que fazia alusão aos serviços prestados pela personagem.
Com muito custo, a protagonista consegue sustentar a família. No  entanto, ela é duramente discriminada por seus trejeitos brutos,  principalmente por seu filho José Antenor (Caio Castro). A grande virada  da personagem acontece quando ela ganha na loteria e tem a chance de  uma nova vida. “É um novelão extremamente tradicional, que fala sobre  caráter e aparências com muita paixão e realismo”, define Aguinaldo, que  trabalha em ritmo acelerado para não ter atrasos na entrega dos  capítulos depois da estreia. As gravações nos estúdios da Globo e nas  ruas do Jardim Oceânico – sub-bairro da Barra da Tijuca, localizado na  Zona Oeste do Rio de Janeiro -, onde a trama é ambientada, estão dentro  do prazo e sob o comando de Wolf Maya. “O autor nunca fica totalmente  satisfeito com o resultado na tela, mas não é culpa do diretor. As  condições de gravação são diferentes da escrita. Se ao menos 50 % do  texto for respeitado, eu já fico feliz”, ressalta.
Em sua terceira novela consecutiva com Wolf, Aguinaldo acredita que o  segredo da parceria é o bom entendimento entre autor e diretor, da  concepção técnica à escolha do elenco. “Quando não gosto de algum nome  que ele sugere eu digo que não sei escrever para aquele ator”, brinca.  Com elenco praticamente fechado, Aguinaldo não esconde os problemas que  teve na escalação para a novela, com a desistência de alguns nomes e o  sistema de reserva de atores utilizados por outros autores da casa. “Sou  completamente contra a reserva. Acho que a novela que está prestes a  ser produzida deveria ter total direito de usar os atores contratados”,  reclama Aguinaldo, que em “Fina Estampa” volta a trabalhar com artistas  como Eva Wilma, Renata Sorrah, José Mayer e Dalton Vigh.
Fina Estampa,da TV Globo, tem estreia prevista para o dia 22 de agosto, às 21 h.