
         'CQC' da 'TV Bandeirantes' está entre os melhores do ano
                     
A eleição de Melhores & Piores de TV Press em 2010 deixa  evidente a necessidade de mudanças nas emissoras. Não faltam produções  vencendo pela terceira e até pela quarta vez consecutiva. E, em  segmentos que ainda não estão consolidados nas grandes redes e onde, por  isso mesmo, há mais liberdade e cabem mais investimentos. Na Band, por  exemplo, enquanto Marcelo Tas, com seu divertido CQC - Custe o que Custar, mantém a liderança no humor, uma cópia itinerante do Big Brother Brasil, o infame Busão do Brasil, amargou como pior reality show, deixando nada além de más lembranças para os poucos que o assistiram. 
Serginho Groisman é outro que conseguiu se estabilizar. Isso porque o Altas Horas,  da Globo, ganhou pela quarta vez consecutiva a eleição de melhor  programa de auditório. Nem mesmo o horário ingrato de exibição, nas  madrugadas de sábado para domingo, abriu espaço para que Rodrigo Faro  levasse a melhor e faturasse o título com seu Melhor do Brasil. Ponto  para a Globo, que se deu bem também com seu TV Globinho. O  programa - que se resume a dois apresentadores anunciando os desenhos a  serem exibidos - foi escolhido a melhor produção infantil, enquanto Carrossel Animado, do SBT, ficou com a vaga de pior nesta categoria.   
Alegria de uns, vergonha de outros. Uma das mais esperadas  categorias, a votação da Mala Pesada de 2010 não perdoou a grosseria de  Faustão, que chamou um funcionário de sua equipe de imbecil no ar. Não  há pedido de desculpas que apague a indelicadeza tosca cometida pelo  apresentador, que não se acanhou ao humilhar publicamente um de seus  subordinados. Um comportamento que há tempos chama a atenção e mostra  que, depois de 20 anos, palavrões e xingamentos já perderam a graça  nessa mecânica "ao vivo" do dominical.     
Na Rede TV!, as citações são só negativas. Além da votação do Superpop como o pior programa de auditório de 2010, a emissora concorreu com ela mesma no momento bizarro do ano. No Programa Amaury Jr.,  a entrevista de Luiza Tomé supostamente alcoolizada rendeu boas  gargalhadas ao público. Mas foi a hilária confusão de uma telespectadora  no Manhã Maior que ganhou a maioria dos votos. A senhora, depois  de elogiar a equipe, deixa claro acreditar que ligou para a TV Gazeta,  constrangendo os apresentadores, o convidado e até quem assiste. 
Produção humorística 
Melhor: CQC - Custe o que Custar, da Band 
2ª Melhor: "Comédia MTV"   
Lugar cativo 
A trupe de Marcelo Tas segue intacta na eleição de Melhores &  Piores de TV Press desde sua estreia, em 2008, na Band. Tudo bem que em  2010 a disputa foi acirrada, decidida ponto a ponto com o ousado Comédia MTV, mas a terceira vitória consecutiva mostra que o CQC - Custe o que Custar ainda tem muito a oferecer aos telespectadores e à própria Band. Aliado ao cancelamento do Casseta & Planeta Urgente!, esse resultado deixa ainda mais evidente o vácuo que a Globo enfrenta quando o assunto é humor inteligente.          
Pior: A Praça É Nossa, do SBT 
2º Pior: Zorra Total, da Globo 
Banco vazio 
O ano pode até ter sido bom para A Praça É Nossa, com direito  a um especial pelos 29 anos de aniversário do SBT e até liderança no  ibope por alguns minutos. Mas o humorístico da emissora de Sílvio Santos  já dá sinais de desgaste há bastante tempo. Raros personagens fogem do  lugar-comum. Uma mesmice que justifica a maioria dos votos como Pior  Produção Humorística de 2010. Mas a Globo que se cuide: por bem pouco o Zorra Total não desbancou o programa dirigido por Marcelo de Nóbrega.     
Produção infantil 
Melhor: TV Globinho, da Globo 
2ª Melhor: Vila Sésamo, da TV Cultura 
Sem efeito 
A vitória do TV Globinho como Melhor Produção Infantil  poderia até ser um motivo de comemoração para a Globo. Mas o programa  apenas exibe desenhos animados entremeados por dois apresentadores. O  resultado traduz a falta completa de oferta de produções mais elaboradas  e feitas para as crianças na tevê aberta. Definitivamente, esse não é o  ponto alto de nenhuma rede do país.    
Pior: Carrossel Animado, do SBT 
2ª Pior: A Turma do Didi, da Globo  
Briga difícil 
Não é fácil escolher entre os piores no quesito produção infantil.  Ao mesmo tempo em que faltam programas mais elaborados e criativos,  sobram aqueles que exploram a imagem de crianças e adolescentes no  comando de brincadeiras quase sempre sem nexo e confusas. 
Tanto para quem acompanha do estúdio quanto para quem liga e participa através do telefone. Na briga, o Carrossel Animado se deu mal, ganhando o título de Pior Produção Infantil de 2010. Coladinho com ele ficou A Turma do Didi, que exceto pela presença do humorista Renato Aragão, não faz a menor falta na tela da tevê.             
Desenho animado 
Melhor: As Aventuras de Jimmy Nêutron, da Band 
2º Melhor: Laboratório de Dexter, do SBT 
Sucesso tardio 
O "topetudo" Jimmy Neutron ficou pelo segundo ano consecutivo com o  voto da maioria dos editores e críticos de televisão que participaram da  votação dos Melhores & Piores em 2010. O mais curioso é que o  desenho, que já foi exibido pela Globo, no TV Globinho, caiu nas graças dos jornalistas, no Band Kids. Desbancou sucessos como Ben 10 e o próprio segundo lugar, O Laboratório de Dexter, exibido pelo Sábado Animado, do SBT.      
Pior: Dragon Ball Z, da Globo 
2º Pior: Catdog, da Band 
Repeteco pouco animado 
O anime Dragon Ball Z, exibido pela Globo, já está criando  seu lugar na eleição de TV Press. Assim como em 2009, faturou o título  de Pior Desenho Animado. E com larga vantagem sobre o concorrente mais  próximo de levar a disputa, o desinteressante Catdog, da Band. A série Dragon Ball,  curiosamente, se dirige mais a adolescentes e adultos. Mas, apesar de  faturar bastante com adesivos, roupas, pôsteres, vídeos e jogos, o  excesso de violência não foi perdoado, mais uma vez, pelos eleitores do  Melhores & Piores.  
Programa de auditório 
Melhor: Altas Horas, da Globo 
2º Melhor: Melhor do Brasil, da Record 
Novo em folha 
Quem é bom, não precisa de um lugar de destaque ou mesmo horário  nobre para sobressair. A prova disso é a quarta vitória consecutiva do  renovado Altas Horas como Melhor Programa de Auditório. Serginho  Groisman não se deixa prejudicar pelo horário cruel da madrugada e muito  menos por concorrer com a noitada da maior parte dos jovens com quem  tenta dialogar nas viradas de sábado para domingo. Ao contrário: o que  se vê, a cada ano, é um misto de novas apostas com a velha credibilidade  do apresentador e da maioria de seus convidados, quase sempre  escolhidos a dedo. Merece todos os elogios.           
Pior: Superpop, da Rede TV! 
2º Pior: Casos de Família, do SBT 
Sem parar 
Luciana Gimenez tenta agradar nas noites da Rede TV!. A ex-modelo  aposta em tudo que se possa imaginar para tentar atrair não só  audiência, mas também algum respeito ao seu Superpop. Só que a  ideia de que as grandes massas só se interessam por abordagens  sensacionalistas nunca funcionou. A evolução de Luciana no comando do  programa é indiscutível, mas falta à apresentadora explorar temas que  propiciem uma discussão saudável e inteligente sem que seja necessário  supervalorizar a desgraça ou o ridículo.  
Reality show 
Melhor: Big Brother Brasil 10, da Globo 
2ª Melhor: Ídolos, da Record 
Vida quase real 
Sobram pessoas prontas para criticar os reality shows. Mas quem é fã deste gênero de programas parece já ter elegido o Big Brother Brasil  como favorito. Em sua décima edição, nem mesmo a vitória contestada por  muitos do gaúcho Marcelo Dourado foi capaz de dividir as opiniões nessa  votação. As notas musicais do Ídolos, da Record, se manifestaram  timidamente, mostrando que a vida alheia ainda interessa - e muito -  não só ao público, mas também à crítica. 
Pior: Busão do Brasil, da Band 
2ª Pior: Hipertensão, da Globo  
Fiasco coletivo 
É louvável o interesse da Band em apostar em sua linha de shows. E  a emissora vem conquistando resultados surpreendentes com produções  como CQC - Custe o que Custar e A Liga. Mas, definitivamente, games e reality shows parecem não ser seu forte. A exibição vergonhosa do Busão do Brasil  é a prova concreta disso. O programa ficou no ar por 83 dias e quase  ninguém lembra sequer o nome de um dos participantes, que dirá do  vencedor. Edgard Piccoli é um excelente apresentador, mas não funcionou  ali. E, a propósito, quem ganhou foi o policial piauiense Mário.    
Seriado importado 
Melhor: House, da Record 
2ª Melhor: CSI NY, da Record 
Plantão de votos 
O humor arisco e irônico de House garantiu a unanimidade  quase absoluta na votação de melhor seriado importado de 2010. E olha  que as rabugices do médico interpretado pelo talentoso Hugh Laurie não  são uma novidade por aqui. A Record, aliás, só corria o risco de perder  para si própria. A emissora é umas das que mais crescem com a aposta em  seriados estrangeiros de sucesso. Tanto que faturou o segundo lugar com a  agitada CSI NY.          
Pior: Smallville, do SBT 
2ª Pior: Chuck, do SBT  
Kriptonita nele 
Não se fazem mais super-heróis como antes. Tanto que as aventuras do  jovem e tímido Clark Kent antes de se transformar no imbatível Superman  já caíram na mesmice no SBT. A rotina de Smallville - ou  Pequenópolis, numa risível tradução vinda das histórias em quadrinhos  publicadas no Brasil -, pelo visto, pode mesmo ficar esquecida nas  madrugadas da emissora. Ou ser substituída, já que existem inúmeras  séries importadas que ainda não foram compradas para exibição por aqui.  Se Sílvio Santos quer audiência sem grandes custos de produção, esse até  pode ser um caminho. Mas desde que bem estudado e planejado.              
Momento bizarro 2010 
Melhor: Telespectadora liga para o Manhã Maior, da Rede TV!, achando que se trata da TV Gazeta 
2ª Melhor: Luiza Tomé dá entrevista aparentemente alcoolizada para o Programa Amaury Jr., da Rede TV! 
Engano constrangedor 
Em 2010, ninguém supera a Rede TV! no que diz respeito a momentos  bizarros. Em uma votação dividida, a emissora quase empatou consigo  mesma, mas a vitória acabou dada ao Manhã Maior. Difícil conter o  riso ao ver a telespectadora que, ao vivo, parabeniza a equipe e,  segundos depois, desmonta todos os sorrisos dos apresentadores ao deixar  escapar que pensa estar falando com a TV Gazeta. Inevitável aquela  sensação de "vergonha alheia". Ainda mais porque, naquele momento, os  apresentadores nem mereciam isso.  
Mala pesada 2010 
Fausto Silva, o Faustão 
Morde & assopra 
Fausto Silva chegou a pedir desculpas, no ar e ao vivo, ao  funcionário a quem chamou de imbecil durante a apresentação da final do Dança dos Famosos deste ano no Domingão do Faustão.  Mas isso era o mínimo que o apresentador poderia fazer depois de  tamanha falta de respeito não só com sua equipe, mas também com o  público. Ainda mais porque os telespectadores - quem realmente  interessava - estavam recebendo a informação que, no monitor do  auditório, não entrava. Fausto já é conhecido por suas grosserias ao  vivo. A diferença é que agora elas não são mais vistas com bom humor.  Depois de 20 anos fazendo a mesma coisa na televisão, se não dá para se  reinventar e trazer algo novo, que pelo menos não se sinta no direito de  agredir, ainda que verbalmente, quem não tem a possibilidade de se  defender no ar. Pesou - e muito - na tolerância de quem votou no  Melhores & Piores. 
Terra