
Na  última segunda (21) foi destaque em toda a mídia a decisão protocolada  pela justiça declarando o Flamengo, junto com o Sport, campeão da Copa  União de 87. O parecer torna o time rubro-negro o primeiro time  pentacampeão brasileiro em 1992, o que lhe atribui o direito de ficar  com a Taça das Bolinhas, entregue ao São Paulo no último dia 14 pela  Caixa Econômica Federal.
O  imbróglio que se arrastou por mais de 20 anos veio para esquentar a  ainda mais a disputa pelos direitos de transmissão do Brasileirão no  triênio 2012-2014. Muito mais que um ato de justiça por parte da CBF, a  disputa envolve inúmeras outras coisas.
Deve-se a  Andrés Sanchez, presidente do Corinthians, o acenar da paz entre  Flamengo e a CBF. Ex-desafetos, Patrícia Amorim e Ricardo Teixeira  passam a falar a mesma língua agora. Com a “justiça” feita, Flamengo,  liderado por Corinthians, esquenta a possibilidade real de haver um  racha no Clube dos 13, entidade que administra os direitos dos times da  série A.
Em 1982  com a decisão da CBF de não realizar o Campeonato Brasileiro daquele  ano, foi criado, inicialmente por 16 times, o C13 que logo depois reuniu  os 20 times da primeira divisão do principal torneio de futebol do  país. Vendo no C13 um futuro inimigo que poderia lhe arrancar os  cabelos, a CBF voltou atrás e realizou o campeonato, criando novas  regras para o torneio, entre elas, o módulo amarelo (que continha os  times que participaram do campeonato promovido às pressas pela entidade)  e módulo verde (que reuniu os clubes do campeonato já iniciado pelo  C13).
No  módulo amarelo o Sport foi o primeiro colocado e o Guarani o segundo. No  módulo verde Flamengo liderou e o Internacional ficou na vice. Uma das  regras da Copa União previa que o líder e o vice-líder de cada módulo se  enfrentassem. Incentivado pelo C13, Flamengo não concordou. O Inter até  se dispôs a enfrentar o Guarani, mas após sofrer pressão do C13 voltou  atrás. Foi então que a CBF realizou a final entre Sport e Guarani,  consagrando o time pernambucano como o grande campeão da Copa União em  87, o Brasileirão daquele ano.
Com o  parecer, o São Paulo deverá devolver a Taça das Bolinhas ao Flamengo. A  CBF, ontem mesmo, fez questão de empurrar a responsabilidade da entrega  aos são-paulinos à Caixa. Em comunicado oficial, a entidade financeira  afirmou que cumprirá o veredicto da justiça. O São Paulo não gostou  nadinha. Muito menos o Sport que acionará a justiça. Mas, dificilmente  conseguirá algo, pois as regras deixavam claro que o Sport não poderia  deixar de ser reconhecido campeão, como de fato foi, mas não impedia que  o Flamengo também fosse, ou seja, há a real certeza que naquele ano  houve dois campeões.
Com o  Flamengo domado, CBF e Corinthians articulam um plano para por fogo no  C13. Ganha forma o Clube dos 7 ou G7, formado por sete clubes e mais um  convidado liderados por Flamengo e Corinthians.
Eu  reunião ontem (21) na Globo, Andrés já articulava o rompimento com a C13  caso a Globo não vença a Record na disputa. A ideia é que os próprios  times, com o apoio de Ricardo Teixeira, vendam diretamente a Globo seus  jogos, o que derreteria o poder do C13 e as transmissões na Record.  Botafogo, Vasco, Santos, Vitória, Cruzeiro e Goiás endossam a lista.
Com a  articulação que Flamengo, Corinthians, CBF e Globo estão fazendo, fica  complicada a situação para Fábio Koff, presidente do C13, o que leva a  crer que haverá um rachão na entidade. A Record também sairá em  desvantagem, visto a debandada dos “times de ouro” (nomeação dada aos  campeões de audiência).
Muito  mais que um ato correto da CBF, a entrega da Taça das Bolinhas aos  rubro-negros pôs fogo na disputa do Brasileirão. Resta aguardar.
Por: João Paulo Dell'Santo
 
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