sábado, dezembro 11, 2010

CARROSEL!UMA NOVELA INESQUECÍVEL!

CARROSSEL:INESQUECÍVEL!!!
  MARCOU A INFÃNCIA DE UMA GERAÇÃO,AMEAÇOU O JN E A NOVELA DA OITO,E   DEIXOU SAUDADE!!
 A novela gira em torno de um grupo de aluno do 2°ano da Escola Mundial, abordando não somente a vida das crianças na escola mas também suas vidas pessoais....

A Escola Mundial e mantida pelo milionário Sr. Morales, e conta também com a ajuda da diretora Sra. Olivia, Firmino o porteiro, Dorotéia a faxineira, e com os professores Matilde que era professora de música, mas tarde ela é substituída pelo professora Rene, professora Glória , professora Suzana e claro a querida professora Helena, ela é a professora da turma bagunceira do 2ºano.
Em 1991 , uma novela feita para criança esquentou a guerra entre as duas maiores emissoras do país. Alcançando a audiência de 21 pontos no horário nobre da televisão Brasileira . Carrossel  uma novela mexicana é transmitida pelo sbt , roubando boa parte do público dos campeões de audiência  Jornal Nacional e O Dono do Mundo novela exibida na época de Carrossel .
A novela Carrossel já foi exibida no sbt 3 vezes , sendo que a primeira vez estreou no dia 21 de maio de 1991 . Escrita pelo Argentino Abel Santa Cruz (já falseado), a novela é uma produção da Televisa com 375 capítulos . O Sbt comprou Carrossel por U$$ 300 mil.
Depois do enorme sucesso de Carrossel em 1989 o produtor Nicandro Diaz se dispõe a repetir a fórmula para levar para as telinhas a segunda parte da história protagonizada por Gabriela Rivero. Mas tarde em 1992 estréia a novela Carrossel das Américas, Diaz também foi responsável pelo sucesso de Carinha de anjo.

Carrossel - Carrusel

Escritores:
História original de Abel Santa Cruz ( já falecido )
Livro de  Lei Quintana
Adaptação - Valéria Phillips
Edição literária - Dolores Ortega
Copyright Direitos Reservados, Televisa C.V. de S.A. de México, MCMLXXXIX


Elenco:
Gabriela Rivero - Professora Helena
Ludwika Paleta - Maria Joaquina Villaseñor
Armando Calvo - Firmino
Pedro Javier Viveros - Cirilo
Flor Eduarda Gurrola - Carmen
Krystel Klithbo - Valéria
Jorge Granillo - Jaime Palillo
Mauricio Armando - Paulo
Odiseo Bichir - Frederico
Joseph Birch - Davi
Gabriel Castañon - Mario
Hilda Cavez - Laura
Álvaro Cerviño - Miguel
Rossana Cesarman - Rebeca
Veronika Con K. - Belen
Bárbara Córcega - Elena
Georgina Garcia - Marcelina
Arturo García Tenorio - Ramon
Kenia Gazcon - Clara 2
Manuel Guízar - Sr. Morales
Silvia Guzman - Alicia
Johnny Laboriel - José
Adriana Laffan - Luisa
Ismael Larumbe - Roberto
Rebeca Manríquez - Inês
Beatriz Moreno - Sra. Orraca
Karen Nisenbaum - Bibi
Beatriz Ornelas - Natalia
Abraham Pons - Daniel
Karen Sentíes - Clara 1
Yoshiki Taquiguchi - Kokimoto
Alejandro Tommasi - Aberto Del Salto
Raquel Pankowsky - Matilde
Manuel Fernández - Adrian
Pituka de Foronda – Sara
Janet Ruiz Maestra - Suzana
Marcial Salinas - German
Yula Pozo 
Lizzeta Romo 
Lupita Sandoval 
José Luis Duval 
Luis Enrique 
Cecilia Gabriel
Luisa Huertas
Erika Magnus
Dina de Marco 
Frank Mendez 
Rosa María Moreno 
Oscar Narvaez 
Gerardo Paz 

VEJA ABERTTURA DA NOVELA QUE MEXEU COM A ESTRUTURA DA REDE GLOBO.



CARROSEL FEZ TANTO SUCESSO QUE A REVISTA VEJA,DEU UMA CAPA E UMA MATERA ESPECIAL
VEJA NA INTEGRA A BAIXO:



Carrossel mexicano
 
Uma novela para crianças do SBT dispara
na audiência, invade o público do Jornal Nacional e obriga
a Globo a reformar O Dono do Mundo
 


 
A turma da Escuela Mundial: atores mirins que atraem
o público infantil e também arrastam adultos
 
                    Eles estão na faixa dos 6 aos 8 anos de idade e têm nomes como Cirilo, Maria Joaquina e David. Alguns são loiros, mas a maioria tem a pele morena e os olhos de índio. Usam uniformes sóbrios e têm dificuldades na escola, com os amigos ou em casa. Sua professora, Helena, usa vestidos abaixo do joelho, decote fechado até o pescoço e lembra-se de passagens da Bíblia para transmitir ensinamentos à garotada. Essas são as estrelas de Carrossel, a novela mexicana que o SBT exibe diariamente às 8 da noite. Carrossel mostra tudo aquilo que se costuma considerar pobre, atrasado e brega na televisão brasileira: o cenário é rústico, os diálogos são declamados e os personagens, esquemáticos. Não se vêem mulheres de sensualidade deslumbrante, carros último tipo, cenas de violência, nudez, erotismo ou palavrões. Para piorar as coisas, a dublagem é péssima. Quinze dias depois de sua estréia, Carrossel produziu a mais espetacular reviravolta da televisão brasileira dos últimos anos, uma virada mais profunda que a de Pantanal.
                    A turma mexicana vai ao ar às 8 da noite, quando a Rede Globo exibe o Jornal Nacional, programa de maior audiência do país e espinha dorsal de sua milionária programação no horário nobre. Antes de Carrossel estrear, há três semanas, o SBT tinha 6% da audiência no horário, contra 54% para o Jornal Nacional. Agora, a platéia do SBT atingiu a faixa dos 21 pontos, enquanto a do concorrente caiu para 41. Mais tarde, na Globo, Cid Moreira se despede dos espectadores e o noticiário do dia dá lugar ao romance entre Malu Mader e Antônio Fagundes na novela O Dono do Mundo. Escrita por Gilberto Braga, considerado o mais competente novelista brasileiro da atualidade, O Dono do Mundo é um luxo só. A produção tem pretensões cinematográficas, os diálogos são em ritmo acelerado e o elenco é de primeira. Não faltam banquetes de milionários, casais adúlteros, frufru de lençóis, moças de vida incerta, diálogos picantes, tipos engraçados e galãs para diversas faixas etárias. Conversas em tom psicanalítico sobre os traumas dos personagens também são freqüentes, assim como críticas sutis à realidade social do país. Tudo inútil.
 

O GALOPE DO SBT
Média de audiência da Globo e do SBT entre 8 e 9 da noite, nas três últimas quartas-feiras.
No horário, o SBT apresenta Carrossel e a Globo, Jornal Nacional e O Dono do Mundo
 

                    A novela anterior da Globo, Meu Bem Meu Mal, que em seu tempo foi considerada um desastre, se encerrou com 56 pontos no Ibope. O Dono do Mundo estreou na mesma noite que Carrossel e sua audiência está parada nos 41. No mesmo horário, a professora Helena e seus alunos já chegaram a 21 pontos (veja quadro acima). É verdade que, com seus 21 pontos contra 41 do concorrente, a turma mexicana do SBT dispõe de pouco mais da metade dos cerca de 40 milhões de telespectadores da Globo e, até agora, não alcançou sequer os 40% que a Manchete conseguiu no ano passado com Pantanal. Mas também é verdade que pela primeira vez uma emissora concorrente conseguiu cravar uma estaca no coração da Globo, em que o Jornal Nacional é uma espécie de alavanca que recolhe uma audiência mais modesta na novela das 7, engorda-a ao longo de suas reportagens e assegura uma boa musculatura para a atração seguinte, a novela das 8. A Manchete já teve mais audiência que a Globo com Pantanal, mas nunca num confronto com os carros-chefes da programação global.
                    TENDÊNCIA — Pode-se aguardar pelos 180 capítulos de O Dono do Mundo e pelos 200 de Carrossel para adivinhar o que irá acontecer daqui para a frente, mas agora a astrologia da audiência favorece o SBT. “Quando se trata de uma programação contínua, como uma novela, dificilmente se inverte a tendência inicial observada nas pesquisas”, afirma Carlos Augusto Montenegro, diretor-executivo do Ibope. “A Globo vai reagir, mas mesmo assim a perspectiva de Carrossel é subir ainda mais”, afirma Rubens Furtado, superintendente-geral da Rede Bandeirantes. Contra Pantanal, a Globo colocou filmes milionários, nudez e mexeu nos horários de sua programação. Contra Carrossel, não pode trocar Cid Moreira e Sérgio Chapelin por Xuxa e Simone, nem exibir .E o Vento Levou no lugar do Jornal Nacional. No máximo, pode mudar O Dono do Mundo. E é o que está fazendo, num ritmo frenético, desde a semana passada. Todos os dias a Globo conta com os adultos com ar debilóide da Escolinha do Professor Raimundo para massacrar os concorrentes no fim da tarde. Agora, tem as crianças mexicanas da Escuela Mundial da professora Helena nos seus calcanhares. Escrita por um novelista chamado Abel Santa Cruz, que há anos mudou-se do México para a Argentina, Carrossel é um desses fenômenos que a televisão só consegue produzir de tempos em tempos. É, basicamente, um programa que traz aquilo que o espectador mais procura quando liga sua televisão: entretenimento, numa feliz combinação de novidades com discussão de questões que seu público-alvo enfrenta no cotidiano. Por exemplo:
                     • Num horário dominado por atrações oferecidas aos adultos, Carrossel é uma novela para crianças, interpretada por crianças. Os institutos de pesquisa confirmam aquilo que qualquer pai e mãe de família já puderam constatar por experiência própria. No horário das 8, são os filhos que têm o direito de brigar, gritar, xingar e espernear para assistir ao programa de sua preferência. O pai, que passou o dia no trabalho, não vai criar caso com a filha porque quer ver no Jornal Nacional a quantas anda a apuração da bilionésima fraude da Previdência, ou qual o jeito que Alexandre Garcia encontrará para elogiar pela trilionésima vez o governo Collor.
                    • Carrossel é um programa infantil mesmo. Os diálogos vão direto ao ponto, o caráter de cada personagem é definido assim que ele aparece em cena pela primeira vez. Bom é bom, mau é mau.
                    • É uma novela ágil. Não há uma trama central que se arrasta durante meses até que o mocinho fique com a mocinha (ou vice-versa), mas uma seqüência de problemas da vida cotidiana que são solucionados em poucos capítulos. Na versão original, apresentava-se e resolvia-se um pequeno drama a cada dois capítulos. Na versão exibida pelo SBT, em que se somam dois capítulos a cada noite, assiste-se ao começo, ao meio e ao fim de um problema na mesma hora.
                    • Carrossel fala de problemas do dia-a-dia do público: do menino que não fez a lição de casa, do pai que não tem dinheiro para comprar uma bola de futebol para o filho, da menina que tem dificuldade em se enturmar na classe, do garoto frágil espezinhado pelo grandalhão na hora do recreio.
                    • A novela é destinada ao público mirim, mas como todo adulto já teve uma experiência escolar ele pode se identificar com as situações mostradas em Carrossel. Chico Anysio já explicou o sucesso de sua Escolinha junto aos adultos com esse argumento. Escola é um filão rico nas artes. Ele está presente tanto no romance O Ateneu, de Raul Pompéia, como nas histórias em quadrinhos de Charlie Brown e em filmes como Ao Mestre com Carinho (alguém ainda lembra de Sidney Poitier no papel de professor?) e Sociedade dos Poetas Mortos.
 
 

O RACISMO
Em Carrossel, a denúncia do racismo aparece de forma clara. O garoto Cirilo, negro e pobre,
apaixona-se por Maria Joaquina, uma lourinha rica e egoísta. Quando ouve Cirilo dizer
que quer se casar, um dia, ela dispara: "Só se for com a macaca Chita".
 
                    Carrossel, por tudo isso, conquistou um naco do público, apesar dos seus defeitos de dublagem. O fato de se passar no México não chega a ser um empecilho, e pode até estar funcionando como um atrativo. Se o público brasileiro é capaz de se encantar com personagens de filmes americanos, também pode se enternecer com os mexicanos do SBT — aliás, porque o México é muito mais parecido com o Brasil do que os Estados Unidos. É possível portanto acompanhar Carrossel com interesse quando a professora Helena, interpretada por Gabriela Rivero, resolve consolar um menino em dificuldades. Um dos dramas da novela é o amor não correspondido do pequeno Cirilo, negro e pobre, pela malvada Maria Joaquina, loira e rica. Num determinado momento, Cirilo se aproxima da menina para lhe dar flores de presente. Ela rejeita e diz com todas as letras: “Vá se meter com os de sua cor”. Em outra passagem, Maria Joaquina diz que os negros são como macacos e vivem “cheios de pulgas”. Sem saber o que fazer, Cirilo vai reclamar com a professora. “Sou rejeitado porque o pai dela é médico e o meu é carpinteiro”, diz Cirilo. A compreensiva Helena dá um sorriso meigo e responde: “Você sabia que o pai do Menino Jesus também era carpinteiro?”
 
                    SEM PALAVRAS LEVES — O cotidiano dos personagens de Carrossel não tem angústias existenciais nem ginásticas psicológicas, mas é composto de problemas palpáveis. Um aluno, David, passou uma jornada dolorosa, às voltas com a doença da avó, que acabou se recuperando. “Na vida não há dor que não passe e nem alegria que não termine”, afirma. Outra menina, Marcela, tem uma dificuldade em casa. Seus pais resolveram se separar. Em Carrossel, não se fala do divórcio com as palavras leves dos adultos das novelas da Globo, que se julgam preparados para enfrentar a experiência de um casamento desfeito, mas com a crueza das crianças que têm muita dificuldade para entender o que se passa. Para professores e alunos da Escuela Mundial, o divórcio não é uma contingência da vida — é desgraça. Outro menino, Jaime, é maltratado pelo pai, que o considera “muito burro”. Na escola, no entanto, Jaime é um exemplo de solidariedade, sempre disposto a ajudar os amigos que têm algum problema. O tom geral de Carrossel é austero. Existem adultos bondosos, como o bedel Firmino, e adultos autoritários, como dona Oliva, a diretora da Escuela Mundial. Não existem, no entanto, adultos problemáticos, daqueles que não sabem por que vieram ao mundo.
 
 

A PEDAGOGIA
A professora Helena segue a pedagogia do bem. Encara seu trabalho como um sacerdócio.
Ela é boazinha o tempo inteiro e sempre semeia a bondade no coração das crianças.
"O sofrimento dos meus alunos é o meu sofrimento", diz.
 

                    Produzida entre 1988 e 1990 nos estúdios da Televisa mexicana, um dos gigantes da indústria de televisão no mundo inteiro, com uma fábrica de novelas e programas mais produtiva que a da Globo, Carrossel é um sucesso latino-americano que muitas pessoas imaginam que só pode acontecer com produtos globais. Foi vendida para duas dezenas de países e depois de explodir na América Latina inteira chegou à Turquia, à China e ao Japão. No Brasil, em apenas quinze dias já se transformou numa mania entre meninos de 7 a 10 anos. Normalmente, os programas bem-sucedidos do SBT recolhem a maior quantidade de matéria-prima para sua audiência junto às chamadas classes C e D, que habitam as fatias menos remuneradas da população. Em se tratando de Carrossel, existem motivos para se acreditar que a escolinha da professora Helena também faz sucesso junto a crianças de outras camadas.
                    No Externato Aldeia, freqüentado por alunos de classe média de São Paulo, a novela é campeã de preferência. ‘Termos uma atividade em que os alunos contam as novidades que lhes dizem respeito”, diz a pedagoga Heloisa Reuter. “Sempre se falava de uma ida ao dentista ou a um passeio. Pois agora só se discute Carrossel. As crianças contam os capítulos e até fazem desenhos dos personagens.” No Helena Lubienska, no Recife, a novela também agrada. “Carrossel é boa porque nela a gente vê tudo o que pode acontecer”, aflnna Rafada Costa Campos, 9 anos, aluna da 3ª série do Lubienska. “Até a tristeza de menina cujos pais se separaram apareceu num capítulo”, acrescenta a garota, referindo-se ao drama de Marcela. “Mesmo que Carrossel seja um dramalhão, e é mesmo, é nessa novela que as crianças estão identificando valores como respeito, amor, companheirismo, coisas que a humanidade não encontra freqüentemente no seu dia-a-dia nem na TV”, afirma Maria Antonieta Cavalcanti, coordenadora pedagógica do Helena Lubienska. “Logo no primeiro dia, em casa, começou a briga. Nós queríamos ver o jornal e nossa filha queria ver Carrossel”, conta Maria Elizabeth Leite Soares, coordenadora do 1º grau do Colégio Oswald de Andrade, de São Paulo, mãe de uma menina de 6 anos. “Depois, pensamos: temos outras opções de telejornal, e ela só pode contar com essa novela infantil. Conclusão: não estamos mais vendo o Jornal Nacional. Agir de outra forma seria egoísmo”.
                    O sucesso de Carrossel já rendeu muitas especulações sociológicas e trouxe a público diversas famílias de piruetas mentais. Condena-se a novela por ser um dramalhão mexicano de baixo nível, cheio de situações piegas, demagógicas e inverossímeis. Pode ser. Mas em matéria de verossimilhança é difícil encontrar uma professora tão inacreditável quanto a virgem Márcia (Malu Mader) de O Dono do Mundo. Em matéria de demagogia, conhecem-se poucos exemplos como o do personagem Beija Flor (Angelo Antônio), que já disse no ar que até poderia virar um assaltante porque o salário mínimo “está baixo”. E, em matéria de inverossimilhança, é difícil acreditar na rapidez com que Felipe (Antônio Fagundes) consegue embarcar para o Canadá em companhia da noiva de um funcionário que mal conhece e levá-la para a cama antes do marido.
                    O debate é estéril e preconceituoso. Estéril porque é impossível descobrir a fórmula do sucesso. Se a pobreza digna de Carrossel, em contraponto com a riqueza de O Dono do Mundo, fosse a chave da explicação do sucesso, os bons índices teriam batido mais cedo à porta do SBT. Há menos de um mês a rede de Silvio Santos exibia a novela Brasileiras e Brasileiros, drama da estirpe realista-socialista, com heróis e bandidos pobres, dirigida pelo competente Walter Avancini. A novela de Avancini naufragou e foi motivo de chacotas na Globo. O debate é preconceituoso, também, em dois sentidos. Primeiro porque se considera o dramalhão mexicano o ápice da apelação de mau gosto — como se o Brasil também não fosse um país do Terceiro Mundo e a televisão brasileira só levasse ao ar novelas escritas por Shakespeare, Marcel Proust e Machado de Assis. Em segundo lugar porque sempre que alguma emissora consegue pontos a mais de audiência há uma enorme torcida em setores da imprensa e nos meios supostamente intelectuais para que o ibope da Globo deslize para as profundezas do inferno — como se a Globo não apresentasse boa parte dos melhores programas da televisão brasileira.
 
A NAVALHADA
O Dono do Mundo começa a mudar no próximo sábado, no capítulo 24.
No início da semana passada, Gilberto Braga reescreveu às pressas cinco cenas
e introduziu mais duas. Na versão original, o capítulo terminava com
Márcia (Malu Mader) "completamente catatônica" após perder o filho
que esperava de Felipe (Antônio Fagundes). O que era sofrimento
se transforma em violência.
 
                    CONTRA-ATAQUE — “Entre assistir às novelas da Globo, que exploram cenas de sexo, algumas constrangedoras, e Carrossel, admitamos que a segunda opção é um mal menor”, afirma Silvio Santos. O ibope da novela das crianças é fruto da inspirada visão de Silvio Santos para assuntos televisivos. Dias antes de levá-la ao ar, o empresário aceitava apostas de 100.000 dólares contra quem duvidasse que a média da audiência da novela passaria da marca dos 10 pontos. Silvio Santos resolveu pagar 10.000 dólares para cada capítulo de Carrossel logo depois de assistir à novela numa viagem aos Estados Unidos. O SBT também contou com um lance de sorte em sua investida. Carrossel foi adquirida num pacote com outras três novelas. Pelos planos iniciais de Guilherme Stoliar, um dos executivos do SBT, Carrossel não era a grande atração a ser levada ao ar imediatamente. A prioridade deveria ser dada a outras produções. Acontece que apenas Carrossel e a novela que vai ao ar logo em seguida, Rosa Selvagem (que tem premiado o SBT com um ibope na faixa dos 11 pontos), estavam disponíveis no armazém da Televisa mexicana. Por isso elas vieram primeiro e estrearam na frente. Se fosse obedecida a cronologia concebida pela inteligência opaca de Stoliar (que só está no SBT porque é parente do dono), as crianças que hoje se divertem com Carrossel continuariam no sereno.
 
                    Atingida no centro nevrálgico de sua programação, a Globo armou um contra-ataque profissional. No domingo dia 2, Gilberto Braga reuniu-se com Leonor Brassères e Angela Carneiro, que o auxiliam a escrever a novela, e deu uma garibada em dez capítulos numa só tacada. Outras mudanças serão feitas a curto prazo. Em suas linhas gerais, como o conflito da moça de subúrbio com o cirurgião plástico rico, bem-sucedido e inescrupuloso, O Dono do Mundo fica como está. O que muda é o tom. A viúva Márcia, que até há pouco levava sua vida numa boa, irá passar por uma jornada de sofrimentos cruéis, que terá início com sua expulsão de casa. “Quando a heroína é mal compreendida, tem que sofrer para purgar seu crime e ser aceita pela sociedade”, diz Fernanda Montenegro, que faz a cafetina de luxo chamada Olga.
 
 
O novo texto leva uma furiosa Márcia ao consultório de Felipe:
Márcia (gritando) - Você está achando que destruiu a minha vida, mas...
Felipe - Pára com isso, se você não sair daqui imediatamente eu chamo a polícia!
Quando o médico tenta empurrar Márcia para fora, ela pega um bisturi que está sobre
sua mesa e "corta o rosto de Felipe, com grande violência". O corte é superficial, mas o
script deixa claro: "Neste final de capítulo deve haver o máximo de sangue possível".
                    Já no sábado o público poderá ter uma idéia do que vem por aí. Lá pelas tantas, Márcia comparece ao consultório de Felipe. Conforme o texto original, os dois discutiam e Márcia ia embora, desiludida, em “estado catatônico”. Agora, ela apanha um bisturi sobre a mesa e dá uma antológica navalhada no rosto de Felipe. “O corte é superficial, mas neste final de capítulo deve haver o máximo de sangue possível”, recomenda Gilberto Braga no script enviado à produção da Globo. Ou seja, a professora Márcia se transformará num monstro vingativo e depois comerá o pão que o diabo amassou. Décadas depois de aposentar a cubana Glória Magadan, pioneira de suas novelas da década de 60, e informar ao público que resolvera modernizar sua dramaturgia criando o que se chamou de “novela brasileira”, a palavra de ordem é mexicanizar. Os mexicanos de verdade, que estão no SBT, são crianças que fazem maldades, choram, brincam e riem. Os mexicanos da Globo são adultos que bebem até alta madrugada e querem sangue.
 
                    ESTAFA — No início da semana passada, o diretor de O Dono do Mundo, Denis Carvalho, telefonou aos atores para informá-los das mudanças. Sua instrução foi que ficassem de sobreaviso e, de imediato, parassem de decorar os capítulos de 25 a trinta, pois seria perda de tempo. Os novos capítulos só foram distribuídos na quarta-feira, obrigando o elenco a um esforço incomum para decorá-los antes da gravação. Em algumas ocasiões, foram gravadas 36 cenas num único dia — mais que o dobro da produção normal. Na manhã de quinta-feira, Antonio Grassi, o garçom Darci da novela, que vai expulsar a Márcia de casa, precisou levar o script para a capela do cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, onde estava sendo velado o amigo Chiquinho Brandão, ator da minissérie O Sorriso do Lagarto, que dias antes morrera num acidente de automóvel. “Com a mudança de todos os scripts, tivemos que levar os papéis para o velório para terminar de ler as falas. Ainda assim, Dênis Carvalho deixou os atores entrarem no estúdio com scripts para colar suas falas”, diz Grassi. Nessa fase atual, Malu Mader tem sofrido mais que mocinha americana raptada por bandidos mexicanos. Mal consegue dormir. Sua estafa é tamanha que na quinta-feira foi obrigada a gravar a mesma cena em cinco oportunidades. “Tenho que decorar 26 páginas de um dia para o outro”, diz Malu. “O ritmo de gravações se intensificou e eu não paro de correr.” Esse esforço da Globo em promover uma reforma geral na novela é uma tradição em toda emissora que luta desesperadamente para recuperar pontos no ibope. Mas a outra tradição é que essas operações quase nunca dão certo. Às voltas com o erotismo ecológico de Pantanal, a Globo chegou a mostrar os seios de Cláudia Raia em Rainha da Sucata — o sucesso, mais que merecido, só durou uma noite. O próprio SBT já viveu uma experiência semelhante com Brasileiras e Brasileiros. Dizia-se que uma novela em que heróis e vilões integravam um mesmo bando de descamisados não seria capaz de chamar a atenção de ninguém e estava mesmo destinada ao fracasso. Improvisaram-se os milionários de plantão em escritórios luxuosos e mansões cheias de novidades eletrônicas. Com sua opção exclusiva pelos pobres, Brasileiras e Brasileiros chegou a ter 8 pontos no ibope. Com os milionários, acabou em 5. Em 1967, no exemplo mais radical de recauchutagem das novelas brasileiras, a falecida Janete Clair promoveu um terremoto que provocou a morte de 35 dos quarenta personagens da novela Anastácia. O maior resultado prático foi a economia com os cenários e cachês de atores e os figurantes dispensados do serviço.
 
 
O CONTRA-ATAQUE
Diante de Carrossel, a Globo teve reação rápida.
Dênis Carvalho, diretor de O Dono do Mundo, avisou os atores
que não precisavam decorar mais nada. Ia mudar tudo.
 
 
                    Há um dado crucial no esforço da Globo para construir um dique em torno da audiência de Carrossel. No passado, havia uma guerra de novelas. Agora, é uma concorrência entre produtos de natureza distinta, como a novela Carrossel e o noticiário do Jornal Nacional. É um fato estabelecido nas televisões do mundo inteiro — os programas de entretenimento sempre batem os de telejornalismo, a não ser em situações excepcionais, como a guerra do Golfo. Temendo uma carnificina que mandasse todos os telejornais para o abatedouro, há vários anos que as três grandes redes americanas selaram um acordo de cavalheiros pelo qual sempre exibem seus noticiosos noturnos no mesmo horário. Há três anos, Silvio Santos tentou trazer para o Brasil a experiência americana de unificação dos horários dos telejornais. Ele lançou a proposta em seu programa dominical, mas não conseguiu nenhuma adesão das outras emissoras. Não fazia sentido, para a Globo, aceitar a proposta de Silvio Santos. Isso porque no Brasil o jornalismo também perde para o entretenimento, mas há uma diferença: implantados em horários estratégicos, sem ter à sua frente concorrentes com equipamento e patrimônio para realizar investimentos à altura, a Globo mantém três programas jornalísticos que estão entre as cinco maiores audiências da rede — o Jornal Nacional, o São Paulo Já e o Globo Repórter. Há seis anos, Silvio Santos fez um primeiro ataque na estratégia entretenimento contra jornalismo. Lançou o programa Chaves, também mexicano e infantil, para competir com os telejornais regionais da Globo. A experiência deu relativamente certo e hoje Chaves faz em média 9 pontos de audiência. Outra emissora, a Record, também promove um investimento semelhante, exibindo o seriado Os Três Patetas no horário do Jornal Nacional.
POR ONDE ANDA A TURMA DA NOVELA CARROSSEL



Montagem Famosidades
Montagem Famosidades
Crystel Klitbo, que deu vida à Valéria, era uma menina simples e fazia roupinhas de boneca, durante a madrugada, para tentar vender em uma loja de brinquedos e ajudar o pai com as contas. A menina ficava exausta durante o dia e era constantemente repreendida pelos pais, que não sabiam da boa ação da filha.
A família havia assinado papéis falsos, fato que os deixou em uma situação precária. Ela era a feia da turma e usava um óculos de garrafa. Crescida, Crystel se transformou em um mulherão, mas não deslanchou na carreira artística. Ela chegou a atuar em algumas outras novelas, mas nada relevante. A morena, que trabalhou com jóias, estuda teatro no México.
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Gabriela Rivero, a professora Helena, foi a típica heroína romântica. Além de bonita e educada, ela sempre dava boas lições para os alunos. Certinha, a bela só usava vestido abaixo do joelho, decote fechado até o pescoço e lia passagens da Bíblia para transimitir ensinamentos às crianças.
Em 1994, a atriz gravou o seu segundo CD, que vendeu 85 mil cópias. O sucesso em “Carrossel” foi tanto que ela fez mais uma porção de novelas no México, tendo sido a última em 2007. A morena casou e teve três filhos: Gala, Lara e Maya. Diferente da época da trama, ela se descuidou da forma, e hoje, com 20 quilos a mais, exibe um visual "cheinho".
Montagem Famosidades
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Hilda Chávez, que interpretava Laura, era a gorduchinha da turma. Sempre suspirando com um sanduíche na mão, ela tinha os bordões mais famosos da novela. Os fãs da atração não viam a hora de ligar a TV e ouvir as características frases da personagem: "Mas é tão romântico”, "Você é muito anti-romântico" e "Isto é muito sentimental".
A aparência de Hilda não mudou muito, já que continuou gordinha. Em relação à carreira, aconteceram muitas transformações. A atriz decidiu largar as câmeras e foi estudar Direito. Dedicada, ela está se especializando em justiça do trabalho no campo de Direitos Autorais.
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Joseph Birch, o David, era o ruivinho judeu da novela. Seu personagem, apesar de ter um rosto angelical e cabelos encaracolados, era danadinho e namorava Valéria. O ápice da sua participação na trama se deu quando ele teve que sacrificar o seu bichinho de estimação, uma tartaruga, para fazer uma sopa capaz de curar a forte gripe do porteiro Firmino. Ele teve a brilhante ideia depois de assistir a uma aula na qual a professora dizia que a sopa do animal era capaz até de ressucitar mortos.
Outra cena marcante foi a que a avó do menino, que não conseguia andar, se levantou para salvar o neto, que estava quase caindo da janela. Bem diferente do seu papel, Birch, apesar de ter se tornado um coreógrafo de dança contemporânea, ganhou uns quilinhos a mais. Ele também perdeu muitos dos fios do tão marcante cabelo de anjinho. A barba passou a fazer parte do seu visual.
Montagem/Famosidades
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Ludwika Paleta, que interpretava Maria Joaquina, é polonesa, mas mudou-se para o México aos três anos de idade. Sua personagem na trama era mimada, racista e a mais bem-sucedida da turma. A musa já atuou com nomes como Gael Garcia Bernal e Thalia. A bela ficou casada por 11 anos e teve um filho, mas se separou. Ela mudou para a Argentina para protagonizar uma novela.
Em 2010 já estava certo de que ela participaria do remake da trama “Lalola”, interpretando a protagonista Lola Padilla, mas a novela foi adiada e só deve estrear no final de 2011. O problema no atraso fez com que Ludwika abrisse mão do papel principal e encarnasse Natália, a filha mimada do personagem Andrei.
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 Pedro Javier Viveros, que fez Cirilo, era o humilde da história. Ele era apaixonado por Maria Joaquina, mas sofria preconceito por parte da menina. Em um episódio, ele chegou a usar um creme para embranquecer e tentar conquistar a amada. Toda vez que o menino se sentia caçoado, ele soltava o seu famoso bordão: "Eu só quis dizer".
Inocente, Cirilo caía em todas as brincadeiras que faziam com ele. No último capítulo, para a felicidade dos telespectadores, Maria Joaquina se tornou amiga dele. Viveros desistiu da carreira de ator e foi cursar a faculdade de Ciências da Comunicação, área em que trabalha atualmente.

 
ESPECILA CARROSSEL COM INFORMAÇÕES
FAMOSIDADES
MUSEU DA NOSTALGIA
TV SHOW



Um comentário:

  1. Tenho 23 anos mais adorava carrossel se passasse de novo iria adorar tenho certeza que iria almentar a audiência do transmissor pensem nisso obrigada... sarrapao@yahoo.com.br

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OBRIGADO PELA SUA OPINIÃO.

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