quinta-feira, dezembro 16, 2010

Excessos de 'Ti-ti-ti' são contrabalançados por boas atuações

 
'Ti-ti-ti'. Foto: TV Globo/Divulgação Murilo Benício e Cláudia Raia se destacam com boas atuações em 'Ti-ti-ti'
Ti-ti-ti tem sido costurada com erros e acertos gritantes. Em um tom de comédia pastelão, a trama se equilibra entre os conceitos estéticos dos anos 80 em figurino, produção de arte e na comédia rasgada que invadia este horário na década visual mais espalhafatosa da segunda metade do século passado. Tem sido neste cenário de matizes cítricos e num humor quase forçado que a história de Cassiano Gabus Mendes, adaptada por Maria Adelaide Amaral, mais tem chamado a atenção.
A começar pela caricata interpretação de Alexandre Borges como o afetado costureiro Jacques Leclair. O personagem de trejeitos exagerados não convence nem como costureiro, nem como mulherengo. O ator, que começou a arriscar na comédia na TV há 10 anos como o galanteador Danilo, em Laços de Família - que vivia dando em cima de Ritinha, a empregada vivida pela então estreante Juliana Paes -, se adapta bem ao gênero, desde que a comédia seja comedida ou que, pelo menos, seja minimamente verossímil.
Em contrapartida, Murilo Benício tem duelado com armas mais poderosas na trama com o charme latino de seu Victor Valentim. Atento às armadilhas da caricatura numa trama que se aprofunda em tons exagerados, o ator tem conseguido se safar de cenas burlescas e trazer a comédia de forma mais calculada. Já Cláudia Raia parece mais à vontade que nunca com a exagerada Jaqueline, que muitas vezes lembra a travesti Ramona que a atriz interpretou em As Filhas da Mãe. Cláudia está convincente como a perua apaixonada da história. Cada detalhe sobrecarregado em caras e bocas ou numa atuação mais "over" provém da direção sempre expansiva do teatral diretor Jorge Fernando, que trabalha na contramão da máxima "menos é mais".
No entanto, muitas atuações da produção conseguem se equilibrar em tons mais suaves. Caso da boa atuação de Ísis Valverde, que tem surpreendido com a sofrida Marcela. Ou mesmo da veterana Elizângela, que tem feito de sua Nicole uma das personagens mais críveis e humanizadas do folhetim. Pena mesmo tem sido constatar que Malu Mader e Cristiane Torloni, com suas chiques e sofisticadas Suzana e Rebeca, respectivamente, viraram coadjuvantes. Ambas as personagens são absolutamente desprovidas de força dramatúrgica e cada vez mais desperdiçadas na trama que, no entanto, tem se estabilizado com satisfatórios 29 pontos de média.
Terra

Nenhum comentário:

Postar um comentário

OBRIGADO PELA SUA OPINIÃO.

Seguidores