A minissérie da Record que estreou essa semana desperdiçou esse ouro em pó para pulverizá-lo em inúmeras tramas paralelas desimportantes. O Sansão (Fernando Pavão) de Gustavo Reiz, o autor, perdeu sua força mesmo com os cabelos ainda intactos. Na estreia, Reiz apresentou um amontoado de historietas bobas. O nascimento de Sansão, de uma mãe estéril, a contextualização do povoado onde os hebreus viviam, a belicosidade na região dominada pelos filisteus, nada disso ganhou a exposição merecida.
As atuações no geral são bem corretas, mas fica difícil até agora citar sequer um desempenho mais brilhante. Vamos ver o que ainda vem por aí. A produção, segundo a Record, é resultado de grande investimento. O custo de cada episódio equivale ao dobro do valor médio de um capítulo de novela: cerca de R$ 400 mil. Serão 16 episódios. É também o primeiro programa da emissora em HD. O elenco e a equipe gravaram em Madre de Deus (Minas), Beberibe (Ceará), Natal (Rio Grande do Norte) e Niterói.
As lindas locações são o grande destaque. Figurinos e cenários, com visível estudo de cores, também merecem elogios. Mas nem tanto investimento salvou o programa de um eventual amadorismo, principalmente nas cenas de luta, quase cômicas. Era impossível não lembrar de “Os mutantes”, com guerreiros sendo jogados bem para o alto, em efeitos especiais ridículos. A águia do início e o mensageiro de Deus envolto em luz intensa também foram momentos constrangedores. No terceiro episódio, a luta de Sansão com um leão foi uma decepção.
“Sansão e Dalila” da Record, diferentemente da história da "Bíblia", não tem muita graça. Pena.
PATRICIA KOGUT-JORNAL O GLOBO
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