Como em seus melhores momentos da década passada, a Rede Record
fez uma excelente e instigante chamada para o capítulo de número 100 de
sua principal novela atual. Depois de 99 capítulos de pura enrolação e
falta completa de um roteiro bem organizado, chegava finalmente o dia
tão esperado desde muito antes da estreia, o início dos crimes contra os
vencedores do bolão da amizade em Vidas em Jogo.
Impossível
não comparar a opção da autora Cristianne Fridman por dar um novo rumo à
história exatamente no centésimo capítulo ao mesmo tipo de abordagem
realizada por Gilberto Braga e Ricardo Linhares em Insensato Coração.
Em ambas as tramas o núcleo principal foi apresentado de forma lenta,
sem pressa para, a partir do capítulo 100 haver uma drástica mudança.
Independente disso, o centésimo capítulo de Vidas em Jogo
tinha tudo para recolocar a novela nos trilhos. Morosa, sem graça e com
personagens que não chamaram a atenção, a trama não pegou desde o
primeiro capítulo e, nem de longe conseguiu causar o frisson desejado.
Com o momento mais interessante desde que a sinopse foi divulgada - o
momento em que, de fato, todos esperavam - era a chance de dar uma
guinada, exatamente como a novela da Globo fez.
Ledo
engano. O capítulo que foi ao ar na segunda-feira foi um dos piores de
toda a novela. Roteiro fraco, cheio de lugares-comuns, com situações
maniqueístas e diálogos absolutamente constrangedores. Diálogos estes
que caminhavam do didatismo, como no momento em que Francisco (Guilherme
Berenguer) e Patrícia (Thaís Fersoza) discutiam sobre ela querer ser
mães, em que fomos obrigados a ouvir frases do tipo: "Todo mundo acha
que toda mulher nasce pronta, com a missão de ser mãe". A saída do
didatismo para pieguices era rápida.
Entre
todo o capítulo, nenhuma única cena transmitiu verdade. O roteiro
tentou enganar o telespectador o tempo todo com um texto frágil, sem
base que caminhava sem vergonha alguma pelo universo dos clichês mais
pobres. A cena em que Divina (Vanessa Gerbeli), chora por sua situação
após ser desmascarada pelo marido em praça pública que contou a todos de
sua traição foi um dos momentos mais constrangedores. Mulher triste,
chorando, sem casa, sem ter para onde ir, sentada numa cadeira ao
relento e, adivinhe só, começa a chover. Tem como ser mais clichê que
isso?
Como
se não bastasse tudo, roteiro ruim, interpretações fracas em sua
absoluta maioria - destaque positivo do elenco, no capítulo de ontem foi
Thaís Fersoza - a cena tão esperada, da explosão na lanchonete com os
membros do Bolão acabou não sendo tão interessante. A cena foi ok, mas
nada além disso, sem conseguir transmitir a emoção necessária. Uma pena.
Impossível acreditar que, a partir de agora, Vidas em Jogo
entra no rumo, mesmo com uma história interessante, infelizmente a
autora não está sabendo contá-la e anda completamente perdida nos
diálogos. Mais uma boa ideia desperdiçada.
tvxtv