Ana Hickmann e Britto Jr. comandam a nova atração da Record no horário vespertino
A estreia do novo programa vespertino da Record deixou uma dupla impressão: a de que o título – “Programa da Tarde” – não revela apenas falta de criatividade na hora de batizar a atração, mas falta de clareza sobre o que ela pretende.
Comandado por Ana Hickmann e Britto Jr., o programa misturou “pegadinha”, debate sobre fofoca, concurso para eleger a “maior periguete”, “briga” de especialistas em moda, entrevista “séria” para fazer o entrevistado chorar e apelação pesada para levar o espectador às lágrimas.
Atirando em todas as direções, o “Programa da Tarde” ocupou a grade da Record por três horas. Os dados prévios do Ibope dizem que o objetivo foi alcançado: a atração ficou em segundo lugar, com números superiores ao que a emissora alcançava antes no horário. Na média, o programa marcou 8 pontos, contra 12 da Globo, 4 do SBT e 2 da Band no horário. Durante alguns minutos, chegou a liderar com 13 pontos.
O primeiro grande esforço, uma “pegadinha” combinada com Anderson Silva, não teve o impacto esperado. O lutador circulou por São Paulo dirigindo um carro que trazia um adesivo destinado a provocar motoboys, mas não aceitou se expor além disso e se recusou a interagir com os motociclistas.
No estúdio, os apresentadores passaram a primeira parte da atração comandando um auditório nitidamente orientado por animadores com placas. Especialistas em moda discutiram fofocas batidas, debateram sobre roupas usadas por celebridades e analisaram o sentido de frases sem sentido ditas por “personalidades da mídia”.
A audiência começou a subir quando o dublê de deputado federal e palhaço Titirica, provocado pelos apresentadores, falou de sua vida pessoal, indo às lágrimas. E o Ibope alcançou os maiores picos em seguida, quando exibiu a reportagem apelativa de Ana Hickmann com o humorista Shaolin, que se recupera, ainda sem conseguir falar, de um gravíssimo acidente sofrido há 18 meses.
Tarde triste.
Mauricio Stycer
Crítico do UOL