segunda-feira, setembro 12, 2011
Record:Sensacionalismo de Primeira!
Jornalismo Record perde qualidade nos últimos anos
Com
o slogan de "Jornalismo Verdade", o jornalismo da Record é formado por
grandes equipes por todo o Brasil. Certamente é a segunda maior
estrutura jornalística do país, embora em alguns lugares tenha o mesmo
nível de produção da sua rival Globo, seja em número de repórteres,
horas dedicadas à informação, equipamentos, helicópteros, etc.
Resultado de uma série de investimentos iniciados em 2003, com a reformulação e criação de novos produtos jornalísticos, a Record consolidou a vice-liderança, adquiriu know-how mas vem perdendo a qualidade que tinha até pouco tempo atrás em seu principal pilar ao lado da dramaturgia. A repetição de informações, a segmentação nas notícias relacionadas à segurança, o exagerado número de telejornais ou de horas que eles ocupam e a descaracterização dos informativos locais são apenas das algumas falhas que a Record vem cometendo de alguns meses para cá.
Na Grande São Paulo, logo no começo da manhã, às
06h, o telespectador se depara com o "Balanço Geral", de Geraldo Luís. O
jornalístico tem poucos meses no ar e foi uma forma encontrada pelo
canal de ocupar Geraldo, que estava na geladeira havia mais de um ano.
Ainda que com links ao vivo e prestação de serviço, o "Balanço Geral"
ocupa a maior parte de seu tempo com notícias policiais - não
necessariamente de São Paulo, embora seja veiculado apenas lá e para os
assinantes de TV a cabo. O detalhe fica por conta da pausa feita por
volta das 06h15 para um momento da Igreja Universal, a qual a alta
cúpula da Record garante ser mera anunciante.
Logo após Geraldo sair do ar, William Travassos começa o "São Paulo no Ar" com o mesmo tipo de matéria do antecessor. Praticamente todo o noticiário é destinado às manchetes policiais - e de todo o Brasil, fazendo com o que o nome do estado compondo parte do título do jornal seja mero enfeite. Matérias a respeito dos problemas da comunidade, como saúde, asfalto, moradia, são raríssimas e se perdem entre inúmeros VTs que se estendem até 08h40.
O "Fala Brasil", que começa às 08h40, diferencia-se muito pouco dos outros dois jornais e segue com o mesmo tipo de abordagem. Além disso, é constante a reprise de materiais veiculados no "Jornal da Record" ou até mesmo nos dois jornalísticos que o antecedem pela manhã. Novamente o mesmo se repete com o primeiro bloco do "Hoje em Dia", o qual se limita a apenas reprisar o que já vinha sendo tratado desde as 6 da manhã.
O que se vê apenas nessa faixa do dia é que um programa esvazia o outro, afinal apesar de teoricamente terem focos distintos, todos se misturam em meio a matérias de prisões, das típicas filmagens de segurança de assalto, os repórteres se comunicando com o apresentador por meio de telefone - o que não vejo sentido algum -, entre outros. Geraldo e William Travassos têm programas distintos apenas por questão de audiência e pelas estratégias da Record, embora não haja motivo algum para que sejam separados como são.
Na hora do almoço e no horário nobre a situação se agrava para os telespectadores da Grande São Paulo. Ao meio-dia inicia-se a maratona de informações do "Record Notícias", que se estende até às 14h30 com apenas um ou dois intervalos comerciais. Com mais tempo que o "Hoje em Dia", que é bem mais abrangente e de faturamento maior para a emissora, o jornal traz de volta as prisões, os sequestros, os assaltos, as câmeras de segurança, os repórteres entrando ao vivo pelo telefone... Tudo do mesmo. Tudo de novo. O destaque positivo é a participação de Percival de Souza, a qual se encaixa perfeitamente em um jornal que é praticamente todo destinado à informações policiais. No horário nobre, sai Adriana Reid, entra Reinaldo Gottino, Percival de Souza continua e o mesmo tipo de informação está de volta.
Do jornalismo diário da Record, caso o telespectador
queira saber dos últimos acontecimentos de política, ele terá que
aguardar pelo "Jornal da Record". Se ele quer saber de saúde, terá que
fazer o mesmo. Notícias internacionais - que não sejam de prisão ou
assaltos -, economia, entre outros assuntos só deixam o principal
jornal da emissora para serem tratadas - ou reprisadas - caso não haja
notícias policiais o suficiente para o dia seguinte.
Infelizmente o novo - e ruim - modelo paulista está sendo levado a outras praças também. A Record Rio tem uma grande estrutura mas é apenas um pouco melhor que a matriz de São Paulo no que diz respeito às exaustivas reprises, ao excesso de matérias policiais e às notícias de outras praças sobrepondo o horário que deveria ser destinado às questões da cidade e do Estado.
O pior foi feito no Rio Grande do Sul, onde a Record tinha uma ótima filial. O "Rio Grande Record", antes apresentado em uma bancada com Simone Santos e Andre Haar, com qualidade impecável, passou a ser apresentado de pé, em um cenário de qualidade duvidosa e com as típicas matérias policiais, embora seja mais diversificado que em São Paulo. Lamenta-se também a criação do "Direto da Redação", que esvazia o "Rio Grande no Ar" e a extinção do "Esporte Record", que se reduziu a um mero quadro.
O jornalismo da Record esteve muito próximo de fazer um jornalismo equivalente ao da Globo. Chegou realmente muito perto, com contratações, novos equipamentos, uma estrutura imensa e tudo que nunca havia sido feito por uma emissora de televisão no passado. A Record levou a opção a várias partes do Brasil, afinal SBT, Band e RedeTV! nunca tiveram um plano de investimento nas afiliadas como a emissora de Edir Macedo teve - e ainda tem. Entretanto isso vem sendo usado de forma equivocada. Com uma visível tentativa de reduzir custos e aumentar a audiência, com uma equipe trabalhando para vários jornais e com o foco policial, até então a estratégia é eficiente, porém é de permanente vice-liderança. O jornalismo da Record vinha caminhando para substituir o jornalismo da Globo na casa de vários brasileiros, porém está se tornando mero complemento. E os índices no futuro vão apenas ratificar o que digo.
Resultado de uma série de investimentos iniciados em 2003, com a reformulação e criação de novos produtos jornalísticos, a Record consolidou a vice-liderança, adquiriu know-how mas vem perdendo a qualidade que tinha até pouco tempo atrás em seu principal pilar ao lado da dramaturgia. A repetição de informações, a segmentação nas notícias relacionadas à segurança, o exagerado número de telejornais ou de horas que eles ocupam e a descaracterização dos informativos locais são apenas das algumas falhas que a Record vem cometendo de alguns meses para cá.
Geraldo Luís faz o "Balanço Geral" às 6h
Divulgação/Record
Na Grande São Paulo, logo no começo da manhã, às
06h, o telespectador se depara com o "Balanço Geral", de Geraldo Luís. O
jornalístico tem poucos meses no ar e foi uma forma encontrada pelo
canal de ocupar Geraldo, que estava na geladeira havia mais de um ano.
Ainda que com links ao vivo e prestação de serviço, o "Balanço Geral"
ocupa a maior parte de seu tempo com notícias policiais - não
necessariamente de São Paulo, embora seja veiculado apenas lá e para os
assinantes de TV a cabo. O detalhe fica por conta da pausa feita por
volta das 06h15 para um momento da Igreja Universal, a qual a alta
cúpula da Record garante ser mera anunciante. Logo após Geraldo sair do ar, William Travassos começa o "São Paulo no Ar" com o mesmo tipo de matéria do antecessor. Praticamente todo o noticiário é destinado às manchetes policiais - e de todo o Brasil, fazendo com o que o nome do estado compondo parte do título do jornal seja mero enfeite. Matérias a respeito dos problemas da comunidade, como saúde, asfalto, moradia, são raríssimas e se perdem entre inúmeros VTs que se estendem até 08h40.
O "Fala Brasil", que começa às 08h40, diferencia-se muito pouco dos outros dois jornais e segue com o mesmo tipo de abordagem. Além disso, é constante a reprise de materiais veiculados no "Jornal da Record" ou até mesmo nos dois jornalísticos que o antecedem pela manhã. Novamente o mesmo se repete com o primeiro bloco do "Hoje em Dia", o qual se limita a apenas reprisar o que já vinha sendo tratado desde as 6 da manhã.
O que se vê apenas nessa faixa do dia é que um programa esvazia o outro, afinal apesar de teoricamente terem focos distintos, todos se misturam em meio a matérias de prisões, das típicas filmagens de segurança de assalto, os repórteres se comunicando com o apresentador por meio de telefone - o que não vejo sentido algum -, entre outros. Geraldo e William Travassos têm programas distintos apenas por questão de audiência e pelas estratégias da Record, embora não haja motivo algum para que sejam separados como são.
Na hora do almoço e no horário nobre a situação se agrava para os telespectadores da Grande São Paulo. Ao meio-dia inicia-se a maratona de informações do "Record Notícias", que se estende até às 14h30 com apenas um ou dois intervalos comerciais. Com mais tempo que o "Hoje em Dia", que é bem mais abrangente e de faturamento maior para a emissora, o jornal traz de volta as prisões, os sequestros, os assaltos, as câmeras de segurança, os repórteres entrando ao vivo pelo telefone... Tudo do mesmo. Tudo de novo. O destaque positivo é a participação de Percival de Souza, a qual se encaixa perfeitamente em um jornal que é praticamente todo destinado à informações policiais. No horário nobre, sai Adriana Reid, entra Reinaldo Gottino, Percival de Souza continua e o mesmo tipo de informação está de volta.
Reinaldo Gottino no "SP Record"
Divulgação
Do jornalismo diário da Record, caso o telespectador
queira saber dos últimos acontecimentos de política, ele terá que
aguardar pelo "Jornal da Record". Se ele quer saber de saúde, terá que
fazer o mesmo. Notícias internacionais - que não sejam de prisão ou
assaltos -, economia, entre outros assuntos só deixam o principal
jornal da emissora para serem tratadas - ou reprisadas - caso não haja
notícias policiais o suficiente para o dia seguinte. Infelizmente o novo - e ruim - modelo paulista está sendo levado a outras praças também. A Record Rio tem uma grande estrutura mas é apenas um pouco melhor que a matriz de São Paulo no que diz respeito às exaustivas reprises, ao excesso de matérias policiais e às notícias de outras praças sobrepondo o horário que deveria ser destinado às questões da cidade e do Estado.
O pior foi feito no Rio Grande do Sul, onde a Record tinha uma ótima filial. O "Rio Grande Record", antes apresentado em uma bancada com Simone Santos e Andre Haar, com qualidade impecável, passou a ser apresentado de pé, em um cenário de qualidade duvidosa e com as típicas matérias policiais, embora seja mais diversificado que em São Paulo. Lamenta-se também a criação do "Direto da Redação", que esvazia o "Rio Grande no Ar" e a extinção do "Esporte Record", que se reduziu a um mero quadro.
O jornalismo da Record esteve muito próximo de fazer um jornalismo equivalente ao da Globo. Chegou realmente muito perto, com contratações, novos equipamentos, uma estrutura imensa e tudo que nunca havia sido feito por uma emissora de televisão no passado. A Record levou a opção a várias partes do Brasil, afinal SBT, Band e RedeTV! nunca tiveram um plano de investimento nas afiliadas como a emissora de Edir Macedo teve - e ainda tem. Entretanto isso vem sendo usado de forma equivocada. Com uma visível tentativa de reduzir custos e aumentar a audiência, com uma equipe trabalhando para vários jornais e com o foco policial, até então a estratégia é eficiente, porém é de permanente vice-liderança. O jornalismo da Record vinha caminhando para substituir o jornalismo da Globo na casa de vários brasileiros, porém está se tornando mero complemento. E os índices no futuro vão apenas ratificar o que digo.
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