Nos bastidores, profissionais da Record se frustram com espaço para Olimpíadas

 

Quando as câmeras estão desligadas, os profissionais da TV Record na cobertura dos Jogos Olímpicos de Londres não escondem o descontentamento com a cúpula da emissora. O Yahoo ouviu três deles que trabalham na principal operação da história da rede, sob a condição de não terem seus nomes divulgados. Nenhum foi otimista.

“As decisões sobre o que vai passar ou não surpreendem todo mundo aqui. E todo mundo aqui acha que está fazendo um bom trabalho quando faz as transmissões”, diz um deles. “A cobertura de toda a primeira semana foi com base nas medalhas do primeiro fim de semana. Senão, é provável que a gente não tivesse transmitido muita coisa”, afirma outro.

“O site da Record não tem direitos de transmissão das Olimpíadas, porque só surgiu depois de a empresa conseguir Londres-2012. O resultado é que outra empresa faz transmissão ao vivo pela internet para o Brasil e o site da própria Record dá muito espaço para a cobertura das agências. Também por isso nem trouxe muita gente para cá”, avalia outro.

“Primeiro pensaram em mandar muita gente. Acabou janeiro e refizeram as contas, mandaram menos. Muita gente que achou que viria para as Olimpíadas e acabou ficando no Brasil, na retaguarda. Isso já criou um clima de decepção. Agora que o espaço para a cobertura em si está menor, estamos com muitas dúvidas sobre o futuro”, lamenta outra.

“Parece que a culpa é nossa, que tinha de dar 40 pontos no Ibope desde o primeiro dia”, afirma. “A estrutura não está ruim, funciona bem para a gente aqui. Os problemas são no Brasil. A gente fica sem saber qual é a prioridade, porque as decisões parecem ser tomadas na hora levando em conta basicamente os números da audiência. É muito instável.”

A Record tem criticado o Ibope nos últimos dias por sua medição de audiência e diz considerar um acerto com outro grupo para aferir quantas pessoas assistem suas transmissões. Ainda antes dos Jogos, a empresa alertou que não transmitiria todos os eventos. No futebol masculino, a TV dos bispos da Igreja Universal chegou a superar a concorrente Globo no Ibope. Ao passar outros esportes, ficou longe.