O Lions Gate Entertainment Corp. apostou seus próximos seis anos na crença de que adolescentes lutando até a morte num futuro sombrio vão vender tantas entradas de cinema quanto os adolescentes vampirescos da série “Crepúsculo”.
Lionsgate/Associated PressA atriz Jennifer Lawrence numa cena do filme “Jogos Vorazes”, que deve estrear nos EUA em 23 de março.
Muitos em Hollywood esperam que “Jogos Vorazes”, o primeiro dos quatro filmes planejados pelo estúdio de cinema com base na trilogia literária campeã de vendas, ultrapasse o sucesso até do primeiro filme da saga “Crepúsculo”, que deu início a uma série de US$ 2,5 bilhões.
Para o Lions Gate, fracassar não é uma opção. “O desempenho não pode decepcionar; não podemos deixar isso acontecer”, disse Joe Drake, co-diretor operacional do Lions Gate que gerenciou o desenvolvimento da série.
A venda antecipada de ingressos para o filme de US$ 80 milhões começa quarta-feira nos Estados Unidos e a estreia está marcada para 23 de março, um momento crucial para o Lions Gate. Há apenas seis semanas, a empresa fechou acordo para comprar o estúdio que produziu a série “Crepúsculo”, o Summit Entertainment LLC, num negócio avaliado em US$ 412,5 milhões. A aquisição do Summit seguiu-se a uma sequência de filmes de baixo desempenho lançados pelo Lions Gate.
Esses incluíram, nos últimos meses, o caro e mal-sucedido “Conan, o Bárbaro”, e “Sem Saída”, que estrelou Taylor Lautner, um dos principais atores da saga “Crepúsculo”.
Com a compra do Summit, o Lions Gate está preparando a série “Jogos Vorazes” para ocupar o espaço deixado por “Crepúsculo”, cujo último filme será lançado no terceiro trimestre.
“Jogos Vorazes” tem cara de que será um sucesso.
Os três livros de Suzanne Collins, há mais de um mês nas três primeiras posições da lista de best-sellers do jornal “USA Today”, já venderam 23,5 milhões de cópias nos EUA, sendo 7 milhões só entre novembro e janeiro.
“Um dos principais objetivos e metas desta campanha, algo com que nos preocupamos em todos os estágios, foi vender livros”, disse Drake. “Porque se você vende livros, você vende ingressos.”
As primeiras pesquisas de mercado indicam que o filme provavelmente vai superar a receita de bilheteria do primeiro longa da série “Crepúsculo”, segundo uma pessoa a par do assunto. Lançado em 2008, o filme faturou US$ 69,6 milhões no fim de semana de estreia e quase US$ 400 milhões no mundo todo.
Se “Jogos Vorazes” conquistar mesmo o público, o Lions Gate pode ficar mais tranquilo na hora de lançar os outros três filmes, disse Drake. “Quando você enxerga as coisas sob esse prisma, criar um certo nível de previsibilidade e consistência pode realmente ser decisivo para a empresa”, disse ele.
Apesar dos indícios positivos, o sucesso não é garantido. A série lida com um tema raramente visto na tela: crianças matando crianças. A narrativa se passa numa sociedade do futuro e gira em torno de uma competição anual transmitida ao vivo pelo governo, onde um grupo de adolescentes é escolhido aleatoriamente para lutar até a morte — e até que surja um vencedor.
Os filmes baseados em séries literárias de sucesso nem sempre são um sucesso. Para cada “Crepúsculo”, também há um “A Bússola de Ouro” ou “Eragon”. Ambos foram inspirados em séries populares de livros para jovens adultos, mas tiveram desempenho abaixo do esperado e não renderam continuações.
O resultado modesto da recente adaptação “Os Homens que Não Amavam as Mulheres”, da Sony Corp., mostra que as vendas de livros nem sempre se traduzem em grandes bilheterias, algo central para a estratégia de mercado do Lions Gates.
Apesar de “Os Homens” ser basicamente uma história para adultos, esperava-se que sua adaptação enchesse os cinemas, devido ao sucesso mundial da trilogia. A Sony já informou que “Os Homens” faturou suficientemente bem para ela seguir adiante com os planos de continuar a série.
“Jogos Vorazes” já conquistou muito mais leitores que o segmento de jovens adultos para o qual foi originalmente escrito.
“Quando compramos os direitos, era um livro para jovens adultos, e desde então sua base se expandiu claramente para um filme de quatro quadrantes”, disse Drake, usando o jargão do marketing de Hollywood para se referir a homens e mulheres, jovens e velhos.
Além do que significa para o futuro do Lions Gate, “Jogos Vorazes” também servirá como termômetro para toda a indústria cinematográfica. Pois outros estúdios também compraram recentemente os direitos de vários romances destinados a jovens adultos e ambientados em universos futuristas e distópicos.
A Walt Disney Co. comprou os direitos da trilogia “Matched”, sobre uma sociedade totalitária. A divisão Fox 2000, News Corp., comprou os direitos de “Pure”, uma trilogia num mundo pós-apocalíptico. (A News Corp. também é dona do The Wall Street Journal.) O estúdio CBS Film, da CBS Corp., está produzindo “Legend”, sobre um adolescente superdotado que tenta se tornar uma espécie de Robin Hood, cem anos no futuro.
Para o Lions Gate, 23 de março tem a ver com o seu próprio futuro.
“Toda vez que você lança um filme, é meio como abrir uma empresa numa sexta-feira e ficar sabendo, no domingo, se ela deu certo”, disse Drake.
The Wall Street Journal
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