Quando estreou na Globo em 1995, “Malhação” foi chamada de soap rap. Era um título pretensamente charmoso, que ambicionava significar principalmente “algo novo” na dramaturgia e atrair a audiência adolescente. Na época, fez sucesso, tanto que o projeto foi em frente. A história se passava numa academia de ginástica e era estrelada por atores iniciantes. Muitos deles fizeram carreiras bonitas depois, outros sumiram. O enredo ficava organizado por temas que “interessavam aos jovens” e eram explorados por uma semana, com o desfecho na sexta-feira. O programa viveu dessa fórmula por muitos anos, sem grandes investimentos. Depois houve reformulações, a mais positiva delas em 1999, quando a academia de ginástica ficou para trás e a trama passou a ser ambientada numa escola. “Malhação” ganhou um tratamento de novela, com sequências externas e acabamento.
Altos e baixos marcaram a atração. Nos bons tempos, em fins de temporada, ela chegou a alcançar 40 pontos de média de audiência, um índice bom até para o horário nobre. A atual fase — intitulada “Malhação — Conectados” — já caiu até 12. É pouquíssimo. A “Malhação” de hoje é pior do que a da estreia? Não, pelo contrário. Ingrid Zavarezzi, a roteirista, tem no currículo a inspirada “Beijo me liga”, série exibida no Multishow que soube dialogar com o universo jovem, alcançando as redes sociais como poucas produções da TV brasileira. Ingrid carregou essa expertise para o programa. Além disso, Mário Márcio Bandarra, diretor-geral, é o mesmo que comandou o projeto nos seus áureos tempos, os do sucesso da Vagabanda. O que houve, então?
Alguns atribuem o fracasso à trama que aborda o sobrenatural. Outros, ao fato de que o público do horário está cada vez mais escorregadio. Há ainda quem aposte que a decisão da Globo de manter o título, “Malhação”, surrado, teria sido um erro. A resposta pode estar na soma dessas variantes todas. Pesquisas indicam que há mais adultos ligados na atração do que adolescentes. Então, fica a pergunta que não quer calar: por que não fazer logo um programa para os adultos nesta faixa?
PATRICIA KOGUT
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