'Malhação' conta temas adultos com personagens jovens
Desde a sua criação, Malhação foi pensada para dialogar com os adolescentes. E a temporada de 2010 faz isso muito bem. Não só em função da boa escolha do elenco, mas também pela seriedade com que os temas vem sendo tratados. Uma prova de que a volta de Emanuel Jacobina como autor do folhetim foi um acerto. Logo ele, que foi o primeiro autor do "folheteen", ao lado da saudosa Andréa Maltarolli, Patrícia Moretzsohn e Márcia Prates, em 1995, posto que ocupou até março de 1998. A escolha de Leonardo Nogueira como diretor-geral do seriado adolescente também trouxe mais energia a um formato antigo que, depois de 18 temporadas, teima em se manter firme na grade da Globo, mesmo com médias quase sempre abaixo dos 20 pontos de audiência.
O equilíbrio no elenco, nem sempre alcançado em outras temporadas, faz diferença. Daniela Carvalho e Bruno Gissoni, que interpretam os mocinhos Catarina e Pedro, parecem prontos para a carga dramática que a atual temporada ganhou, com direito não só à habitual discussão da gravidez na adolescência, mas passando por temas mais sérios, como o debate sobre a redução da maioridade penal. Em época de muita violência nas grandes cidades, a história está mais realista do que nunca, mostrando o drama de alunos que perdem uma colega durante uma ação criminosa nos arredores do colégio. Daniela, às vezes, exagera nas caras e bocas. Talvez para tentar parecer mais jovem, já que a atriz, de 24 anos, precisa aparentar sete a menos no vídeo. Mas nada que comprometa seriamente suas aparições.
São indiscutíveis as perdas que Malhação sofre em função das mudanças na classificação indicativa desde sua estreia. Qualquer cena com "tintas" mais fortes tem de ser muito podada. Por isso mesmo causou surpresa a sequência do "arrastão" que culmina no atropelamento de Júlia, de Dandara de Morais. Nenhuma arma foi vista durante os roubos, só a correria dos pedestres e o corpo da adolescente literalmente voando depois de ser atingido por um carro. Uma imagem que chamou atenção, mas não chocou. Ponto para a direção.
O elenco maduro, que sempre deu suporte às interpretações inexperientes, ainda se mantém atrativo. Exceto a participação do rapper MV Bill. O que tinha tudo para ser um diferencial dentro desta nova leva de capítulos acabou não dando certo. Sua atuação é pouco expressiva e quase sempre apagada pelo resto do grupo. Ainda mais quando aparece ao lado de Helena Ranaldi, na pele da diretora Tereza. Ela, aliás, junto com Sandra Corveloni e Aílton Graça, são gratas surpresas no seriado teen. O trio prova que não é porque estão escalados em um produto voltado para os adolescentes que os atores mais velhos podem se descuidar na hora de atuar. Quem tem talento, mostra isso em qualquer faixa de horário.
Malhação - Globo - Segunda a sexta, às 17h30.
Terra
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