Sobre o destino da vilã Tereza Cristina (Christiane Torloni), já se sabe que ela não será presa nem assassinada no último capítulo de Fina Estampa, marcado para a próxima sexta. Pelo menos, é o que garante o autor Aguinaldo Silva. Se o perdão às loucuras que cometeu ao longo da trama depender de sua popularidade, Tereza Cristina deve não apenas ser poupada de castigos como também louvada. Num estado de insensatez crescente, a perua, nessa reta final da novela, tem se mostrado ainda mais divertida e, consequentemente, mais marcante do que sua arqui-inimiga, a heroína Griselda (Lilia Cabral). Enquanto Tereza Cristina faz jus à vocação de vilã de desenho animado ao lado do impagável parceiro Crô (Marcelo Serrado), Griselda se limita ao papel de heroína romântica, dividindo-se entre René (Dalton Vigh) e Guaracy (Paulo Rocha). Em termos de graça e audiência, em Fina Estampa o mal definitivamente venceu o bem.
Além de defender sua família dos ataques de Tereza Cristina, nos últimos dias Griselda tem se limitado a desfilar um novo corte de cabelo e ser cortejada pelos seus pretendentes. Um desfecho tímido para uma personagem que foi feita para carregar mensagens sobre a ética e o valor do trabalho. Em entrevista recente no Roda Viva, da TV Cultura, o autor Aguinaldo Silva reconheceu o desvio de caminho de Griselda e prometeu colocar em sua boca, no último capítulo, um belo discurso no estilo o-trabalho-dignifica-o-homem. O texto será inserido na formatura do curso de medicina de seu filho Antenor (Caio Castro). “Ela será escolhida paraninfa da turma por seu apreço aos altos valores”, disse Aguinaldo Silva.
Se Griselda não empolga, o humor non-sense e extravagante de boa parte da trama, e especialmente da amalucada Tereza Cristina, explica o fato de Fina Estampa ter conquistado a melhor audiência da faixa das nove desde 2010. A audiência média da trama no Ibope ficou, segundo o próprio Aguinaldo, quatro pontos acima da conquistada pelas antecessorasInsensato Coração, Passione e Viver a Vida. Fina Estampa deve sair do ar com uma audiência média de pelo menos 39 pontos, um a mais que Caminho das Índias, que precedeuViver a Vida.
“Tereza Cristina assume um linguajar que beira a pornografia e isso atrai bastante o público”, diz Maria Immacolata Vassallo de Lopes, professora titular do Centro de Estudos da Telenovela da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP).
A dobradinha com Pereirinha (José Mayer), o amante que não se cansava de oferecer “robalos fresquinhos” à madame, apimentou e tornou ainda mais engraçada atuação da malévola. Os requintes de crueldade com que planejou cada ataque à família de Griselda também transformaram suas atitudes criminosas em comédia pastelão. Tereza Cristina “conversou” com o rato morto que enviou de presente de casamento à Amália (Sophie Charlotte) e chamou de “priminhos do Mickey” os roedores que mandou Ferdinand (Carlos Machado) despejar na casa da inimiga durante a festa de noivado da filha.
O fator Crô – Detalhe que não podia deixar de ser mencionado, a maquiavélica Tereza Cristina ganhou um parceiro de peso na figura do excêntrico mordomo Crodoaldo Valério, o Crô, que bombou com seus gestos purpurinados, sua exagerada subserviência à patroa e seus elogios megalomaníacos – “Divina Ísis”, ‘Rainha do Nilo”, “Pitonisa de Tebas” e “Nefertite” eram apenas alguns deles.
“O Crô foi o grande achado de Fina Estampa. Daqui a dez ou vinte anos, quando alguém se referir à novela, vai citar o Crô. Ao contrário do que se possa imaginar, não foi ele Crô que serviu de ‘escada’ para Tereza Cristina. Foi Tereza Cristina que, coitada, acabou servindo de ‘escada’ para as tiradas memoráveis de Crô”, diz André Bernardo, autor do livro A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo.
Caricato e carismático, Crô foi ainda pivô de um divertido mistério na trama: aquele em que o público procurava descobrir o dono da tatuagem de escorpião que frequentava a sua alcova. Um mistério que pode chegar intacto ao fim da trama. Que, por sua vez, vai terminar invicta em matéria de diversão.
As informações são da Veja.
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