terça-feira, setembro 20, 2011

Vidas em Jogo zomba de nossa inteligência


Como em seus melhores momentos da década passada, a Rede Record fez uma excelente e instigante chamada para o capítulo de número 100 de sua principal novela atual. Depois de 99 capítulos de pura enrolação e falta completa de um roteiro bem organizado, chegava finalmente o dia tão esperado desde muito antes da estreia, o início dos crimes contra os vencedores do bolão da amizade em Vidas em Jogo.

Impossível não comparar a opção da autora Cristianne Fridman por dar um novo rumo à história exatamente no centésimo capítulo ao mesmo tipo de abordagem realizada por Gilberto Braga e Ricardo Linhares em Insensato Coração. Em ambas as tramas o núcleo principal foi apresentado de forma lenta, sem pressa para, a partir do capítulo 100 haver uma drástica mudança.

Independente disso, o centésimo capítulo de Vidas em Jogo tinha tudo para recolocar a novela nos trilhos. Morosa, sem graça e com personagens que não chamaram a atenção, a trama não pegou desde o primeiro capítulo e, nem de longe conseguiu causar o frisson desejado. Com o momento mais interessante desde que a  sinopse foi divulgada - o momento em que, de fato, todos esperavam - era a chance de dar uma guinada, exatamente como a novela da Globo fez.

Ledo engano. O capítulo que foi ao ar na segunda-feira foi um dos piores de toda a novela. Roteiro fraco, cheio de lugares-comuns, com situações maniqueístas e diálogos absolutamente constrangedores. Diálogos estes que caminhavam do didatismo, como no momento em que Francisco (Guilherme Berenguer) e Patrícia (Thaís Fersoza) discutiam sobre ela querer ser mães, em que fomos obrigados a ouvir frases do tipo: "Todo mundo acha que toda mulher nasce pronta, com a missão de ser mãe". A saída do didatismo para pieguices era rápida.

Entre todo o capítulo, nenhuma única cena transmitiu verdade. O roteiro tentou enganar o telespectador o tempo todo com um texto frágil, sem base que caminhava sem vergonha alguma pelo universo dos clichês mais pobres. A cena em que Divina (Vanessa Gerbeli), chora por sua situação após ser desmascarada pelo marido em praça pública que contou a todos de sua traição foi um dos momentos mais constrangedores. Mulher triste, chorando, sem casa, sem ter para onde ir, sentada numa cadeira ao relento e, adivinhe só, começa a chover. Tem como ser mais clichê que isso?

Como se não bastasse tudo, roteiro ruim, interpretações fracas em sua absoluta maioria - destaque positivo do elenco, no capítulo de ontem foi Thaís Fersoza - a cena tão esperada, da explosão na lanchonete com os membros do Bolão acabou não sendo tão interessante. A cena foi ok, mas nada além disso, sem conseguir transmitir a emoção necessária. Uma pena.

Impossível acreditar que, a partir de agora, Vidas em Jogo entra no rumo, mesmo com uma história interessante, infelizmente a autora não está sabendo contá-la e anda completamente perdida nos diálogos. Mais uma boa ideia desperdiçada.

  tvxtv

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