Em mais uma tentativa de impulsionar sua grade vespertina, a Record estreou nesta segunda-feira o “Marcas da Vida”, um docudrama produzido pela Fremantle Media, empresa responsável também por “Ídolos”. O novo programa não tem nenhuma fórmula inédita, uma vez que na década de 80 o público acompanhou algo muito parecido na Globo, o “Caso Verdade”. No vídeo, uma história sobre assuntos do cotidiano, principalmente de comportamento. Entre uma cena e outra, o depoimento de um especialista.
O problema de “Marcas da Vida” é que quase tudo o que está ali é ficção e se pretende passar como realidade. Apesar de histórias comuns, os casos não aconteceram na vida real, o que já invalida os “depoimentos” dos protagonistas. De tempo em tempo, eles conversam diretamente com o público e, sem verdade não há como se envolver. Também não se justifica a câmera nervosa e os pedidos de ajuda dos artistas aos cinegrafistas, como se aquilo fosse um reality de verdade. A audiência não correspondeu já que os dois primeiros episódios marcaram 4 pontos e deixaram a Record em terceiro lugar. Portanto, pelo menos sem ajustes, este programa não será a solução da Record para seu período da tarde.
“Marcas da Vida” terá validade se, desde o início, ficar muito claro que aquilo é dramaturgia, com tudo roteirizado e atores interpretando papéis criados pelos autores. Ao assumir que trata-se de um outro produto, os responsáveis pelo programa também conseguirão arrumar a interpretação, uma vez que ficou muito nítido nos primeiros episódios que até a entrevista dos protagonistas com a jornalista inventada estava ensaiada e decorada. E com todos os ajustes serão válidos os depoimentos dos especialistas do mundo real na dramaturgia que o povo gosta de assistir.
José Armando Vanucci
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