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A terceira edição da “Fazenda” será
lembrada como aquela em que o bem-intencionado esforço da Record em
reunir um divertido elenco de subcelebridades foi por água abaixo depois
que o público, curiosamente, optou por eliminá-las, uma a uma, dando o
prêmio ao desconhecido e inexpressivo modelo Daniel Bueno.
Já a quarta edição, encerrada na noite de
quarta-feira com a vitória da personal trainer Joana Machado, apontou um
outro comportamento do espectador. Desde o início, preferiu eliminar os
mais anônimos e, depois, colocado diante de uma espécie de “guerra dos
sexos”, optou pelas mulheres da casa. E, diferentemente do que ocorreu
um ano antes, resolveu premiar os mais conhecidos e barulhentos.
Ambas as edições apresentaram uma
característica em comum: começaram muito animadas e foram perdendo o
pique até se tornarem absolutamente tediosas.
É possível concluir, a partir desta
constatação, que as opções do público não têm nada a ver com isso. Nem a
escolha dos participantes. Os problemas da “Fazenda” são de outra ordem
e dizem respeito, na minha opinião, à estrutura do programa, ao
despreparo da emissora e à obsessão pela audiência a qualquer custo.
“A Fazenda” se tornou um reality
absurdamente previsível, não apenas para os participantes como para o
público. Estruturado de forma rígida, o programa é sustentado por
resumos diários do que ocorreu na véspera, que enchem linguiça, mas não
divertem.
A edição, engessada, raramente explora
aspectos da personalidade dos participantes, o que ajudaria a mostrar
como cada um constrói personagens dentro da casa, limitando-se a expor,
de forma cronológica, o que fizeram.
Os diferentes vídeos exibidos no programa
final mostram que a direção da “Fazenda” sabe, quando quer, ir além do
óbvio e do cronológico. Pena que guardou esta disposição apenas para o
encerramento.
As atividades de grupo, que colocam os
candidatos em situações delicadas, nunca são ao vivo e costumam ser
editadas de forma burocrática. As provas desta edição se resumiram a
premiar o esforço físico, sempre dos mesmos dois ou três candidatos, ou o
acaso.
A concorrência com “O Astro”, na Globo,
mexeu com os ânimos da Record. O horário da “Fazenda” foi sendo
empurrado para o fim da noite, no esforço de evitar a novela. O programa
mudou de horário duas vezes aos domingos. Nunca começava no horário
previsto.
Para piorar, praticou uma política de
intervalos comerciais absurda, interrompendo provas para exibir
publicidade em instantes decisivos, quebrando o clima e criando suspense
artificial.
Depois de quatro edições, o reality da
Record parece cansado, à espera de uma renovação que não apenas traga o
público perdido de volta, mas que anime os seus fiéis espectadores a
prosseguir assistindo.
UOL Televisão
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