quarta-feira, setembro 28, 2011

“A Vida da Gente” faz aposta inicial só no núcleo central e estreia com cara de seriado

 Manoela (Marjorie Estiano), Rodrigo (Rafael Cardoso) e Ana (Fernanda Vasconcellos) em cena que faz parte da abertura da novela
Casados há sete anos, Jonas e Eva se separam depois que a mulher flagra o marido aos beijos com Cris, a personal trainer, na sala de ginástica da mansão no casal, em Porto Alegre. Ambos no segundo casamento, eles têm dois filhos cada, entre os quais Ana e Rodrigo. Irmãos de criação, eles descobrem durante um passeio pela serra gaúcha que se amam, e a menina engravida do rapaz.
De forma resumida, foi basicamente isto que “A Vida da Gente” apresentou ao público ao final de seus dois primeiros capítulos. Podemos imaginar que a novela de Lícia Manzo promete outras tramas e muito mais atrações. Mas apostou tudo, inicialmente, apenas no núcleo central – um casal que se desfez e um que se formou.
Por conta desta opção, também fomos informados que Ana e a irmã, Manuela, são muito ligadas. A primeira é uma tenista profissional às vésperas de entrar no circuito internacional. A outra, por conta de um problema na perna, apenas torce. A avó delas, Iná, vive em Gramado e namora Laudelino, que sonha em se casar.
Além de ser tratada como criança pela mãe, Ana ainda sofre nas mãos de Vitória, professora de tênis déspota, cujo trabalho é a principal fonte de renda da família, formada também pelo marido Marcos e as duas filhas que ele toma conta. A julgar apenas pelos dois primeiros capítulos, “A Vida da Gente” parece um seriado, não uma novela. Um ótimo seriado, por sinal.
O texto de Lícia Manzo é muito bom, afiado, com humor e poucos clichês. A produção, como de hábito nas novelas da Globo, está caprichada. A direção, de Jayme Monjardim, é competente. Os atores do núcleo central me pareceram quase todos muito bem, em especial Ana Beatriz Nogueira, Nicette Bruno e Marjorie Estiano. Faço duas ressalvas. O sorriso de Fernanda Vasconcellos é tão bonito e seus olhos tão fascinantes, que a direção e o câmera da novela não deixam o público prestar a atenção em mais nada. Já Paulo Betti deu a impressão de começar a novela numa chave cômica, que não combinou muito com o seu texto.
É preciso aguardar pelos próximos capítulos, quando o público será apresentado aos demais personagens da história e “A Vida da Gente” vai se transformar numa novela de verdade, para saber se o espectador conseguirá se esquecer de “Cordel Encantado”.
MAURICIO STYCER
Crítico do UOL



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