Paola Oliveira, Eriberto Leão e Fernanda Machado
A Rede Globo estreou no último dia 17 a nova novela das nove, a primeira a receber essa definição. A emissora voltou a apostar em tramas cariocas, só que dessa vez integrada a um núcleo catarinense.
Escrita por Gilberto Braga e Ricardo Linhares e com direção de Dennis Carvalho, “Insensato Coração” foi incumbida de uma missão nada fácil, evitar a chamada “viuvez” – desinteresse do público para uma novela que acaba de estrear devido ao envolvimento com a antecessora –, que assola as tramas da faixa das 8/9 até hoje. Com o fim de uma trama o público que a assistia tende a se afastar e a depender da substituta, voltar aos poucos. É um problema que a Globo vem enfrentando com os anos. Os horários das seis e das sete, já afetados por esta síndrome, aparentemente, superaram este inimigo oculto. Talvez a faixa das nove esteja diretamente ligada a uma concorrência mais qualificada e forte que das demais faixas. E “Insensato Coração” terá este agravante pelas próximas semanas.
“Passione” terminou com 52 pontos de média, sua sucessora registrou 36 pontos na estreia, um a menos que a estreia da trama de Sílvio de Abreu. É uma perda de nada mais que 16 pontos. Mas para onde foi essa audiência? Para as concorrentes? Não, pelo menos por enquanto. Se for calcular o acréscimo que todas emissoras tiveram com o fim da trama italiana não chega a seis pontos. Há, portanto, o “sumiço” de 10 pontos, que devem estar ligados a “viuvez” acima citada ou outras mídias de entretenimento (internet, TV Paga, vídeo game, DVD, canais UHF). Em seu segundo capítulo, segundo a prévia, a novela manteve a mesma audiência da segunda e fechou com 36 pontos.
“Insensato” começou empolgando e chamando atenção pelo que pode proporcionar nos próximos tempos. Os autores apresentaram bem os principais núcleos e personagens, cada qual com uma singularidade instigante, com isso alguns atores acabaram por chamar mais atenção do que outros. Gabriel Braga Nunes na pele de Léo, apesar de apresentar traços de seu personagem em “Poder Paralelo”, deu um aperitivo do que pode aprontar daqui pra frente, mau-caráter de carteirinha. Deborah Secco, Camila Pitanga, Maria Clara Gueiros, Ana Lucia Torre, Deborah Evelyn, Natália do Vale, Louise Cardoso, Tuca Andrada – morto no primeiro capítulo – e Nathalia Timberg roubaram a cena. Raul, personagem de Antônio Fagundes, lembra uma mistura de Juvenal Antena de “Duas Caras” com Leal de “Tempos Modernos”, não agradou. Lázaro Ramos mostrou-se super canastrão, fez mais caras e bocas do que atriz de filme pornô. Fica a torcida para que Lázaro saiba administrar este novo desafio. Paola Oliveira e Eriberto Leão simplesmente não convenceram até agora, se um é sem sal a outra é lambuzada de açúcar até dizer chega, pelos menos foi a primeira impressão. José Wilker tá esquisito, falta algo no seu Umberto. Glória Pires, na pele de Norma, deverá ter uma mudança de personalidade em breve, após sofrer um golpe de Léo a boa enfermeira ficará vingativa, os autores deveriam antecipar esta transformação da personagem o quanto antes. Outros atores que apareceram nestes dois primeiros capítulos ainda não tiveram a chance de mostrar a que veio, resta aguardar.
Gilberto e Ricardo trouxeram uma proposta de falar dos conflitos entre a família, da paixão espontânea que surge de forma avassaladora, dos sofrimentos de alguém que foi injustiçado e um humor sofisticado, é uma opção atraente. Deborah Secco e Maria Clara prometem proporcionar boas gargalhadas. O foco da história é a classe-média e alta, foge um pouco da realidade da maioria, mas é aguardar para ver no que vai dar. A abertura da trama é um capítulo à parte. A música “Coração em Desalinho” na voz de Maria Rita está p-e-r-f-e-i-t-a, uma pena que a parte gráfica destoa da bela voz da filha de Elis Regina, mas só por ela vale a pena, e muito.
A direção chama a atenção. Alguns erros como na cena do avião que merecia um pouco mais de emoção e adrenalina deixou a desejar. Os passageiros mantiveram-se tranquilos em plena muvuca, algo surreal. A cena em si soou falsa. Um erro de cenografia permitiu escapar um porta-retratos com a foto do ator Fábio Assunção, que deixou a novela por problemas pessoais e acabou sendo substituído por Braga Nunes. A troca de Ana Paula Arósio por Paola Oliveira foi necessária, mas fico imaginando, Arósio ali faria de sua Marina um e-s-p-e-t-á-c-u-l-o. Uma pena chegar às consequências que chegou.
Ao compararmos “Insensato Coração” com suas duas últimas antecessoras, “Passione” e “Viver a Vida”, percebemos a nítida superioridade da nova novela global. Gilberto Braga e Ricardo Linhares ousaram e foram felizes, mas alguns erros e equívocos devem ser revistos e modificados.
De imediato é possível dizer que “Insensato Coração” é um novelão e tem uma boa proposta, mas precisa de ajustes o quanto antes.
Por: João Paulo Dell’Santo
RD1 Audiência
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